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terça-feira, dezembro 30, 2008

"NÓS OUTROS"

"NÓS OUTROS"
De: Ysolda Cabral


Hoje somos outros
Sendo os mesmos
Sabemos e perecemos
E ao mesmo tempo nos vemos
Opostos definidos e vivendo

É engraçado tudo isso
Num segundo tudo muda
Independente da vontade
E a gente se deixa levar
Por uma ilusória saudade

Entender tudo isso
Nem o mais sábio filósofo
Porém quando o sentimento
Tatua-se sozinho na alma
É outra história

Poderá ficar meio descolorido
Disforme, um tanto invisível
Ou um pouco esquecido
E como numa obra de arte
Ressurgirá muito mais belo e forte
Com um simples e suave retoque


**********

Publicada tb no Recanto das Letras

segunda-feira, dezembro 29, 2008

COMUNICAÇÃO NO TRÂNSITO


COMUNICAÇÃO NO TRÂNSITO
De: Ysolda Cabral


Num digo que ando mole?! Ninguém acredita, mas é a pura verdade.

Nestes últimos dias tenho me empenhado para colocar minha casa em ordem, principalmente, a que abriga a minha alma. Para tanto, ando escrevendo menos e lendo bastante. Caminhado e nadado no mar, o qual anda se “enchendo” muito cedo. Acho que de pirraça por eu ter tido medo dele noutro dia quando me deu aquele “caldo”. Mas, tudo bem! Fizemos as pazes.

De repente recebo um telefonema urgente da minha chefe e tenho que sair às pressas.

De onde moro até o meu trabalho, a distância é de aproximadamente 12 km. Uma distância que poderia fazer tranquilamente em 15 minutos, não fosse pelos semáforos – uns cinqüenta – os quais advinham que estou apressada e fecham na minha cara.

E as lombadas eletrônicas?! Perdi as contas de quantas existem e elas também me perseguem... Ora, se não se pode exceder a 60 km, por que diabos os motoristas passam a 30 km p/h?! – Pense no transtorno!! Devia haver punição também nesses casos.

Bom, lá vou eu toda contente da vida por encontrar o trânsito relativamente fácil, os semáforos cooperando e achando que vou conseguir atender ao chamado de minha chefe em tempo hábil, quando me deparo com a última lombada eletrônica do percurso...

De repente, surge na minha frente, assim do nada, uma Mercedes conversível, conduzida por uma “senhora” que, me obriga a acionar o freio com todo o meu reflexo e habilidade para evitar uma colisão. Eu ia a 60, no meu velho e querido pálio e ela a menos de 30, em seu “carrão”!!!

Respirando aliviada percebi que ela me olhava pelo retrovisor com ar de censura e indignação. Eu ri paciente e com bom humor como a lhe pedir desculpas - por humildade e não por ter cometido alguma falha, esta era dela - quando cai na asneira de querer lhe lembrar que ali a velocidade permitida era de 60 km p/h e não 30. Então, com as mãos apoiadas no volante, lhe mostrei os cinco dedos da mão esquerda e o indicador da mão direita. Logo em seguida, abaixei os cinco dedos da mão esquerda, e, o indicador da mão direita juntei ao polegar e mostrei a ela.

Danou-se tudo, a “elegante senhora” não teve dúvida e diminuindo ainda mais a velocidade, tirou a mão direita do volante e mostrou-me, dos seus “delicados dedinhos”, o “maior de todos”. E foi assim que ultrapassamos a lombada. Eu dando risada e ela, de dedo em riste, morrendo de raiva

Mais afinal, o que será que ela entendeu com a minha criativa forma de comunicação gesticular de trânsito?!! (Rsrs)

LÁ VOU EU OUTRA VEZ


LÁ VOU EU OUTRA VEZ
De: Ysolda Cabral


O Edy Gomes tinha razão...
Ô garoto lindo e sábio!
Bobo demais este meu coração...
Pois não é que:

O vento em meus cabelos foi tão forte e insistente
Que terminou por levar todos os meus pensamentos
Deixando-me vazia completamente.

Voltei para casa automaticamente
E me deixei envolver num sono profundo
Que me levou para um lugar desconhecido,
Onde só o amor existia no mundo...

Nele não havia espera e nem ansiedade,
Muito menos o será que será sim ou será que será não...
Atenção, carinho e compreensão... Faltava não!
E nada de julgamento e precipitação...

De repente acordei e constatei que sonhara...
Meio atordoada e ainda não muito acordada, olhei em volta
E me vi junto a mim me dizendo: hei! Ysolda, acorda,
Levanta que mais um dia te aguarda!
Não podes correr da parada!!

E sem mais reflexões e usando flexões...
Contei: é um, é dois, é três... E...
Lá vou eu outra vez!

**********

2008 chegando ao fim... Até que enfim!!!

domingo, dezembro 28, 2008

CABELOS AO VENTO




CABELOS AO VENTO
De: Ysolda Cabral



E agora o que faço de mim?
Minha alma transborda de saudade,
De alguma coisa nunca realmente vivida,
Mesmo assim perdida,
Em algum momento da vida.

E agora o que faço de mim,
Sem sonhos, sem planos e sem fantasia?
Ao reler seus poemas, seus sonetos, seus pensamentos...
Todos lindos, mágicos, cheios de amor e promessas...
Reflito, por que tinha que ser assim?

Dias iguais e sem sentido...
Lágrimas queimam a minha face,
Deixam profundas marcas.
A boca fica seca e sem saliva.
Como engolir uma solidão tão infinita?

O silêncio agora me envolve,
Só ele me abraça e conforta.
Fico calma e resolvo sair por aí...

Piso firme no acelerador,
Sem destino e sem direção...
Deixo o vento brincar com meus cabelos.
E tiro você, definitivamente, do meu pensamento,
Da minha alma e do meu bobo coração.

**********


Publicada tb no Recanto das Letras







DÚVIDA

DÚVIDA
De: Ysolda Cabral


Hoje é domingo de novo?!
E, ainda, estamos em 2008?!
Mas...

Estou bem.
Não, não estou!
Estou doente.
Não, não estou!
Estou contente.
Não, não estou!
Estou aqui?
Sei lá onde estou!

**********

sábado, dezembro 27, 2008

BALANÇO DE FINAL DE ANO

BALANÇO DE FINAL DE ANO
De: Ysolda Cabral


Finalmente acordei do sonho que sonhava
Dia e noite e noite e dia; dia após dia...
Independente de estar dormindo ou acordada.

Eu sabia e sentia viver uma fantasia.
Enganava-me por que queria,
De forma assustadora!
E era assim que eu vivia.

Construí castelos encantados,
Com mágicos ocos, toscos, loucos...
Em estado febril e inusitado.

E que ninguém duvide ou ache graça.
Não precisa!!
Eu mesma estou dando risada.

O meu “balanço” de final de ano,
É realista e finalmente adulto.
Por isso rogo a Ele que, o ano de 2009
Não seja tão impiedoso e cruel.
E que ninguém deixe ninguém ao léu...

Que haja mais respeito e consideração,
Amor pelo próximo e mais compaixão,
Que as pessoas realmente se amem
E saibam ser verdadeiramente irmãs.

**********

Boa sorte em 2009!

sexta-feira, dezembro 26, 2008

SOU SEREIA





SOU SEREIA
De: Ysolda Cabral



De quem será a culpa,
De me sentir hoje uma Sereia,
A espera do meu Boto,
Aqui em plena areia?

O dia está lindo e convida à caminhada.
Por motivos óbvios, declino do convite.
Contudo, agradeço sensibilizada.
Afinal, sou uma Sereia educada.

E continuo a minha espera.
Nem lembro que o leito do Boto é o rio...
Além do mais, é dezembro e não junho...
Então, como ele aqui há de chegar,
*Livinha?

Resolvo cantar para o tempo passar,
Mas um braço enciumado,
Envolve-me num forte
E decidido abraço...

E sem nada me dizer ou perguntar,
Leva-me suavemente embora,
Para nunca mais voltar.
**********

* Livinha - Lívia Apetitto: poetisa, repentista, paraibana da gema e mui amiga minha ... Ô pestinha!!!!

http://livinha27.blogspot.com/

quinta-feira, dezembro 25, 2008

FAZENDO AS PAZES COM VOCÊ


FAZENDO AS PAZES COM VOCÊ
De: Ysolda Cabral



Sentindo uma saudade enorme de você
Mesmo estando ainda muito magoada
Com o que aconteceu
Criei coragem e fui ao seu encontro
Afinal sou uma louca apaixonada

Chegar até você não foi fácil
Com a perna machucada
Sentindo uma dor danada
Foi muito dolorida a caminhada

Uma ou duas vezes tive que parar
Chorar um pouquinho esperando a dor passar
Daí enxugava as lágrimas para o caminho enxergar
E assim continuava no firme propósito de lhe encontrar

Por um momento pensei pedir ajuda e retornar
Mas não podia fazer isso
Teria que ser hoje (25) ou nunca mais, afinal
Como ficar também sem você no Natal?!

Com o coração descompassado
Com a determinação dos que amam de verdade
E não têm medo de nada
Cheguei até você e me senti realizada

E, sem pensar em mais nada
Corri feliz para você
Mergulhei fundo e de cabeça
Imediatamente me senti inteira
E com você apaziguada
Pensei: será que sou Sereia?
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Publicada tb no Recanto das Letras

terça-feira, dezembro 23, 2008

SAPO ANALISTA





SAPO ANALISTA
De: Ysolda Cabral


Falo com o sapo sobre meus “grilos”,
Finjo ter a força de uma tigresa,
A sabedoria de uma águia,
A esperteza de uma onça
E com a experiência adquirida em almanaque,
Julgo-me perfeita...

Cada vez menos vaidosa,
Vivendo entre a sanidade e a loucura,
Sou lesma a caminho do nada.
Ferida pelos açoites da noite
E motivo de deboche das corujas
Que me espreitam por diversão,
Sou mesmo um caso sem solução...

O gavião me dá um “bote”,
Para navegar num rio de jacaré.
De longe acompanha a minha luta
E cada ponto que perco,
Escuto o seu vibrante olé!

No meio do pesadelo,
Minha hortelã exala o seu perfume,
E imediatamente me tira da noite escura,
Para um iluminado dia que começa.
Respirando aliviada, porém cansada,
Dou Graças...
Agora estou acordada!
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Publicada no Recanto das Letras

sábado, dezembro 20, 2008

ALMA NUA


ALMA NUA
De: Ysolda Cabral


Minha nudez não é poderosa, Nuno.
É frágil e desprovida de auto defesa,
E se expõe de forma ingênua,
Quando pensa amar...

Ah, como ela tem se enganado,
Caro e generoso amigo!
E vestir sua roupagem de volta,
É complicado e bem difícil.
Nisto podes e deves acreditar!

A alma quando tira sua roupagem,
Em nome do amor e não em nome da morte,
Ao se vê amando sozinha,
Fica nua a vagar por caminhos perdidos.
Penando, chorando a sonhar...

Seja aqui, aí ou em qualquer lugar!
Não importa, pois a direção
Não mais existe.
Seus dias passam a ser,
Apenas tristes...

Todavia, quem sabe um dia,
Minha alma nua e cansada de vagar,
Não encontre uma nova roupagem,
Que me deixe visível e bem bonita
E me faça de novo amar?


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Publicada no Recanto das Letras

sexta-feira, dezembro 19, 2008

PEGA LEVE


PEGA LEVE
De: Ysolda Cabral


Nua...
Não há estrelas,
Não há lua,
A solidão veste a rua...

Roupagem escura e estranha,
Juntando-se a falsa alegria
Dos bares e das discotecas
Onde a música esconde as lamentações
Dos pares desiguais em suas ações...

Conversas tolas,
Mentiras soltas,
Amores ocasionais...
Felicidade ilusória
E nada mais.

Nos lares...
A esperança de dias melhores.
Nas matas e florestas a destruição.
Nos mares, rios e lagos a poluição.
E as montanhas que a tudo assistem,
Aguardam o momento da erupção.

Abraço com carinho esta noite
E lhe peço humildemente:
Pega leve!
E assim quem sabe,
Se o dia logo não amanhece?

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Publicada tb no Recanto das Letras

O CACHÊ É DE MADONA






O CACHÊ É DE MADONA
De: Ysolda Cabral


Hoje é sexta-feira...
Sinto algo estranho no ar,
Meu sexto sentido diz:
Vista branco, reze um Pai-Nosso
Pra se proteger e relaxar.

Como sou teimosa,
Não obedeço.
Escolho uma roupa colorida.
E ao invés da reza, tenho com Ele
Uma séria e longa conversa.

Vou logo Lhe dizendo:
- E na maior intimidade -
Preciso saber o que há!
Estou cheia de mistérios, surpresas...
E estou falando sério!

Que mania Você tem de viver a me testar!
Você sabe que sou caso perdido e sem conserto,
Não tenho direção e sempre meto os pés pelas mãos.
Desta Sua filha, Você não tem mesmo noção!

Ah, que coisa!
Hoje vou sair por aí,
Levando meu violão,
E, em qualquer lugar,
Vou abrir o “vozeirão”...
- Acredite não! -

Cantarei tudo o que souber
E se não, invento na hora
Uma alegre e doce canção.
Cachê? – Precisa não!
Deixo pra Madona.
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Publicada tb no Recanto das Letras

SOU


SOU
De: Ysolda Cabral

Mulher, mãe, amiga,
Alegre, triste, simples, comum
Sonho, realidade, pesadelo
Música, impacto, saudade
Orgulho, humildade
Carinho, dengo, sofrimento
Educada, franca, fraca
Disposta, corajosa, medrosa,
Elegante, desarrumada
Profissional, séria, brava
Guerreira, louca, arisca
Feia, bonita,
Magra, gorda
Velha, moça, pura, dama
Culpada, pecadora, santa
Sou: apenas Ysolda
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Publicado no Recanto das Letras em 18/12/2008
Código do texto: T1343031

quinta-feira, dezembro 18, 2008

MINHAS MÃOS


MINHAS MÃOS
De: Ysolda Cabral


Vejo o tempo em minhas mãos
Bonitas, mesmo castigadas.
Ainda úteis, fortes, enérgicas,
E, que afagam com suavidade,
Como se tivesse tenra idade.

Com elas, por onde passo,
Deixo tudo mais bonito e arrumado.
- Minha marca registrada, ou seria “toque”? -
Elas fazem o meu retrato fiel, ordenado,
Um tanto incompreensível e abstrato...

Ajudam-me a escrever o que dita a minha alma.
Assim vou registrando e vivendo dia após dia
Vendo o tempo passar entre meus dedos sem ironia
Como luvas finas que usamos ao casar
Pelo simples ato de usar.

Ah! Minhas mãos...
Gosto tanto delas que quando as olho
Sofridas, calejadas pela vida e pelo violão,
Sinto orgulho e logo faço em sua homenagem,
Uma linda canção.

Ah! As minhas mãos...
- Onde estão?
Bem aqui traduzindo emoção.
Ou será que não?

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Publicado no Recanto das Letras em 18/12/2008

Código do texto: T1342108

quarta-feira, dezembro 17, 2008

BOM DIA


BOM DIA
De: Ysolda Cabral



Finalmente o pesadelo não me acordou.
Eu que acordei dele antes que me maltratasse demais.
Abri os olhos e o mandei embora sem ais...

Já não era sem tempo!
Enfim, tive uma noite de paz.
Senti um Anjo ao meu lado,
A me contar belas estórias,
Que nem lembrava mais...

Acordei tão disposta,
Descansada e tão feliz,
Que ao me olhar no espelho,
Nem me reconheci!

Ah, como estou feliz!
Vou sair por aí,
Distribuindo bom dia.

Começarei desde o elevador,
Aonde todo mundo tem cara de dor.
É um horror!!!

Se não responderem,
Nem vou me importar!
De lá sairei cantando uma canção,
Que acaba de ser composta,
Pelo meu bobo e tonto coração...

Cujo refrão diz:

Bom dia,
E seja feliz!!!

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Publicada também no Recanto das Letras






terça-feira, dezembro 16, 2008

DE NOVO NATAL



DE NOVO NATAL
De: Ysolda Cabral



Então é Natal de novo!

Vamos comemorar o aniversário de Cristo
Apenas com pão e vinho tinto
Sem corpo e sangue
Pelo menos no “25"

Vamos nos unir em oração
Quem sabe não tenhamos
Um aniversário tranqüilo
Sem nenhuma Extrema-unção

Que os hospitais fiquem vagos
Que as prisões não sejam só de homens-trapos
Nelas também caibam mais “poderosos chefões”

Que os corações das pessoas
Batam um Tum... Tum... Compassado e uníssono
Formando um lindo cordão
Independente da religião

Ah! É Natal!
Nascer de novo
Renovar a emoção
É tempo de redenção

Esquecer o sofrimento
A tristeza e o lamento
Sorrir e Agradecer
A Dádiva que é viver

Feliz Natal pra você!

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Publicado no Recanto das Letras

Em 16/12/2008 - Código do texto: T1338850


domingo, dezembro 14, 2008

VOCÊ TEVE MEDO DE MORRER?

VOCÊ TEVE MEDO DE MORRER?
De: Ysolda Cabral


Domingo outra vez. - Que coisa!

Outro dia eu estava refletindo sobre a contradição que existe entre as horas e o tempo. É que muitas vezes as horas passam tão devagar e o tempo tão rápido que nem percebemos. Quando atentamos para o fato a vida passou e ficamos a espera das horas passarem até chegar a nossa “hora” de passar. É mole?!

Não sei por que essas reflexões só me ocorrem mais aos domingos. Talvez por ser um “dia de descanso”, de estar com a família e com programação leve. Afinal, a segunda chega tão depressa! – Viu só?! Quando digo: provo. (rsrs)

Acho que por isso sou cismada com o domingo.

Hoje, ele está especialmente lindo e eu não me animo para nada. Olho minha jardineira de hortelã cheirosa e ela de lá olha para mim como quem pergunta e agora? Fico sem resposta. O silêncio é completo. - Disso eu gosto!

Resolvo vir para o PC tentar escrever alguma coisa interessante, engraçada, com algum conteúdo legal, mas hoje é domingo e não me ocorre nada.

Daí lembro que, foi num dia assim, anos atrás, que meus pais foram ao hospital visitar uma velha amiga de minha avó paterna. Tratava-se de mulher fina, elegante e muitíssimo bem educada. Conhecida por sua alegria de viver, seu bom humor e sua inquietação. Estava sempre querendo sair, viajar, passear e, como o esposo era exatamente o oposto dela, sempre ia e vinha da maneira que bem entendia e sempre sozinha. Quando enviuvou todos tiveram certeza que ela a partir de então se tornaria de vez uma “viajante”. E, de fato isso ocorreu.

Não havia quem a fizesse passar muito tempo sem viajar. E, de volta de uma dessas viagens, sofreu um acidente. O veículo em que viajava ao trafegar por uma ponte sofreu uma colisão de outro veículo que vinha em sentido contrário e, no impacto, ela e alguns outros passageiros, foram projetados para fora do respectivo veículo - creio que ônibus - e jogados no rio sob a ponte.

Meus pais, assim que chegaram ao hospital, onde ela se encontrava em observação, meu pai lhe perguntou o que ela havia sentido com a perspectiva da morte, se teve medo... Essas coisas.

Ela então respondeu:

“- Alírio, a única coisa que me ocorreu foi que eu estava sem calcinha e minha saia voava junto comigo para dentro do rio. “

Eu posso com uma coisa dessas?! Eita mulher porreta, né mesmo? (Rsrs)
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Publicada também no Recanto das Letras

sábado, dezembro 13, 2008

SUAVE COMO A BRISA



SUAVE COMO A BRISA
De: Ysolda Cabral


Hoje sou suavidade,
Delicadeza e só beleza.
É que me sinto inteira.

Ah, como estou bonita!
Você precisava ver.
Só não poderia me dizer,
Que seria para crer.

Estou leve como a brisa
De uma cidade de interior,
Onde a paisagem é linda...

O ar é tão puro,
Que me contamina.
E não sou mais o absurdo.
Que você Imagina.

Ah, como hoje estou bem!
Estou tão feliz, tão feliz,
Que nem vou dormir...

Ficarei bem aqui,
Calada e quietinha.
Sem sonhar e sem pensar,
Para poder apenas sentir.
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sexta-feira, dezembro 12, 2008

DOR NO PEITO

DOR NO PEITO
De: Ysolda Cabral

A cada dia sinto que a vida nos separa.
Ora agradeço, ora fico indecisa e revoltada.
E, nessa indecisão, sigo tentando não pensar em nada.

O sonho cada vez mais a povoar a minha mente,
Tenho medo de perder a minha semente,
Mesmo sabendo que talvez isso me fizesse um bem de verdade,
Quero continuar na minha desvairada realidade.

Igual a música...
Sou poesia, sou tristeza e sou alegria.
Ressôo, com ou sem acústico, sem muito custo.
A alma se torna notas musicais e eu magia...

Sei que um dia assim serei de fato,
Pois não acredito no que vejo.
Acredito naquilo que sinto e prevejo.
E,assim, vivo sendo levada por um suave vento.

Passo por lugares desconhecidos e lindos,
Onde a dor da saudade que a perda nos trás
Não existe e por onde há apenas PAZ.

As flores são todas perfumadas,
Não são dos jardins retiradas,
Os beija-flores cuidam delas,
Sem receio de perdê-las.

Quem sabe eu já não esteja num lugar assim?
Neste momento, por exemplo, não sei se sou
A música que escuto,
O ar que respiro,
Ou a dor que no peito sinto.

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terça-feira, dezembro 09, 2008

EM PECADO MORTAL


EM PECADO MORTAL
De: Ysolda Cabral



Mamãe cozinhava divinamente e tinha sempre muito cuidado para que nossa alimentação fosse sempre bem balanceada. Entretanto, era difícil controlar a minha, uma vez que eu adorava bolo, doce e refrigerante. E, por mais que ela insistisse, não havia jeito de me fazer tomar leite, chá, café ou suco. Até mesmo água, eu detestava.

Nessa época meu negócio era prestar bem atenção na aula para não precisar estudar em casa, e, assim, ter mais tempo de brincar e andar de bicicleta.

Na rua que morávamos, em Caruaru, ficava a fábrica da coca-cola minha parada obrigatória depois da corrida de bicicleta que ganhava dos meus amigos (meninas e meninos) quase todas as tardes. O prêmio era uma ou mais de uma garrafa de coca-cola que eles pagavam para mim. Dependendo da dificuldade do percurso, o prêmio valia por toda a semana. Foi assim que me viciei nesse refrigerante e terminei viciando todos que conviveram e convivem comigo. Até mamãe, eu viciei. Ela dizia: “bota aí um tiquinho pra mim de remédio...” (Rsrs)

Contudo, o seu maior problema era me segurar nos doces e bolos. Então decidiu que só faria essas guloseimas para o lanche de final de semana. Mesmo assim, não tinha jeito. Eu comia escondido dela e isso resultava numa dor de consciência danada e eu corria para a Igreja me confessar.

Certa feita comi tanto bolo e tanto doce que adoeci e, para piorar a minha situação, menti pra mamãe dizendo que não havia comido nem um pedacinho do bolo e quando ela me perguntou quem tinha comido, eu na hora lhe garanti que tinha sido a filha preferida dela Yara (minha irmã mais velha). Mamãe nesse dia “cegou” de raiva e me deu umas boas palmadas.

Fiquei muito mal e resolvi que teria que me confessar o quanto antes, pois estava com a consciência tão pesada que tinha pesadelos terríveis.

O meu confessor, amigo e orientador era o maravilhoso Pe. Bosco Cabral, da Igreja N.S. da Conceição. Contudo, para minha total falta de sorte ele estava ausente de Caruaru naquele momento.

Então pedi à minha tia Olga do Rêgo Lira para me levar noutra Igreja e ela me levou para a Igreja da N.S. do Rosário, onde me confessei com o Pe. Severino Otoni. Eita, padre malvado! Deu-me de penitência um terço inteirinho, para rezar de joelhos, dizendo se tratar de um grande pecado mortal.

Tudo bem... Eu fiquei de joelhos, mas sem rezar xingando ele até não mais agüentar.

Minha tia estranhou eu me confessar, cumprir a penitência e não comungar. Não me perguntou nada – acho que ela compreendeu, era uma sábia mulher e uma tia fabulosa.

A partir daí fiquei atenta ao retorno do meu Pe. Bosco. Tão logo isso ocorreu, corri e “lhe entreguei de bandeja o Pe. Severino Otoni” e todos os pecados que ele me fez cometer.

E, ele em nome do Pai, me perdoou e me deu de penitência uma Ave-Maria e um Pai-Nosso apenas. Isto sim é que era e ainda é um padre!

A ele, minha eterna gratidão.

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Obs. Esclareço que, na realidade, o Pe. Bosco Cabral, era da Igreja da Matriz de N.S. das Dores, a qual, na ocasião dos fatos acima narrados, havia sido demolida e estava sendo erguida a atual igreja.

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

QUEM DISSE QUE ANJOS NÃO EXISTEM?

QUEM DISSE QUE ANJOS NÃO EXISTEM?
De: Ysolda Cabral



Nossa Senhora da Conceição é a padroeira do Recife. Portanto, hoje é feriado nesta capital. Estou entre as tarefas domésticas e algumas recordações. Devo antes de qualquer narrativa observar que, sou filha de mãe católica e pai evangélico, resultando na crença inabalável em Deus e na Virgem Maria.

Com Ele sempre converso e muitas vezes “arengo” e em qualquer lugar que eu esteja. É como se tomasse satisfação pelas merecidas “cajadadas” que a vida me dá e na hora sempre acho injustas e fico muito brava. Já com Ela, a coisa é diferente...

Com Ele brigo e a Ela peço proteção.

Como a influência materna sempre é mais assimilada, me batizei e casei na Igreja Católica. Contudo, muito esporadicamente vou a Igreja e não necessariamente à missa. Entretanto, nesta época do ano, gosto de subir ao morro da Nossa Senhora da Conceição, localizado no bairro de Casa Amarela e lá, no alto do morro, pertinho do céu, conversar um pouco com Ela.

Muito bem; há uns dez anos atrás, no finalzinho de uma tarde de domingo, de volta de uma dessas “conversas”, ao cruzar um semáforo atropelei um banhista o qual retornava da praia em sua bicicleta. Imediatamente parei para socorrê-lo. Uma multidão se formou do nada e eu fiquei totalmente desorientada.

Do meio da multidão surgiu um rapaz descalço apenas de bermuda, de aspecto sujo e feio. Chegou junto de mim e falou para que eu tivesse calma. A maneira como falou me surtiu um efeito imediato.

Foi até o atropelado, o ajudou a sentar-se. Depois, foi até meu carro, abriu a porta do lado do passageiro, retirou do banco detrás o guidon da bicicleta e os vidros do pára-brisa. Em seguida, ajudou o rapaz a se levantar, entrar no carro e mandou que eu também entrasse. Pegasse o volante e rumasse para o hospital mais próximo me mostrando, inclusive, o caminho.

Chegando ao hospital, imediatamente, ele foi atendido e, constatado pelo médico de plantão, que o acidentado estava alcoolizado e do acidente, com poucas escoriações. Iria permanecer em observação por algumas horas e depois seria liberado.

Respirando aliviada, porém ainda um tanto transtornada, me dirigi ao posto policial do próprio hospital para registrar a ocorrência. Neste momento chegou, também de bicicleta, o cunhado dele o qual trazia pela mão uma garotinha de três anos. Contou para todos que, não havia como ter sido evitado o acidente visto que, seu cunhado estava bêbedo e com raiva por ele não ter permitido que trouxesse a filha – a garota que trazia pela mão - na garupa da bicicleta e havia cruzado o sinal sem olhar.

Eu, ainda quis permanecer no hospital, mas ele me disse para ir embora, pois a partir daí tomaria as providências.

Senti em meu braço a mão do meu “ajudante”, a me conduzir de volta ao carro. Perguntei-lhe onde morava e ele me disse para não me preocupar e que só sairia de junto de mim quando eu estivesse em casa. No trajeto, encontramos a polícia rodoviária, a qual já sabia do ocorrido e nos parou para saber se eu estava em condições de dirigir e me parabenizar pela correção de minha atitude.

Ao chegar em casa, olhando o grande estrago no meu carro, agradeci a Ela, Nossa Senhora da Conceição, pela vida do banhista e pedi ao meu esposo para levar o rapaz que me ajudara, à sua residência.

Meu esposo olhando para mim perguntou: que rapaz?

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Publicada também no Recanto das Letras.



domingo, dezembro 07, 2008

UM SUAVE CARINHO



UM SUAVE CARINHO
De: Ysolda Cabral



Sou o vento que acaricia os seus cabelos,
Reclamando dos lindos cachos que mandasses cortar.
Sinto uma falta tão grande deles,
Que chego a chorar.

Vezes há que penso em você ainda com eles,
Lembro que somos os mesmos,
Porém, muito diferentes daqueles que fomos
E ainda somos e não podemos.

Não sei por onde andas,
Nem sei se tudo
O que não houve valeu.

Só sei que hoje sou o vento
Que mexe em seus cabelos
Fazendo-lhe carinho,
Suave e com tento.

O tempo rápido em circulo se fechou,
Colocando-nos frente a frente,
Para que soubéssemos que ele passou.

Nos levou por caminhos
Distintos, distantes e definitivos.
Com amores, os quais nos deram belas flores
Mas, de nós, apenas a saudade deixou.


sábado, dezembro 06, 2008

TRISTE COM O MAR


TRISTE COM O MAR
De: Ysolda Cabral


Na tela do meu PC, uma orquídea.
Bela, solitária e triste.

A fonte, que não é de água,
É de letra.
É a Colibri...

Que não é pássaro
E sim o recurso que uso,
Para levar o meu recado.

Nem gosto desta fonte!
Gosto da Arial, a qual me lembra a sereia Ariel.
E sereia me lembra o mar
E só dele lembrar, me sinto acalmar.

Amo tanto o mar,
Que não dá para contar...

Mas, estou triste com ele,
Apesar da imensa saudade,
Pois da última vez que fui por lá,
Levei um "tombo" brutal
Do qual, só agora consigo falar.

A tristeza que ele me deu foi tanta,
Que o meu coração de "Tambor Encantado"
Tornou-se um "Surdo", desafinado, ensurdecedor
E quase me matou.

- Foi mesmo um horror!

**********


Srª Ysolda,
Agora você me tirou do sério!
Como pode ficar triste com o mar
pelo tombo que levou?
- Pera lá!!!
Que culpa ele tem
quando está ali somente pra ti banhar?!
Comporta tantos segredos
que até mesmo brinquedo
pra todos pode ofertar...
Seu solo é de areia energético,
para os pés, aliviando as tensões.
Também transporta navios,
marinheiro no convés
que busca em cada porto
amor ainda broto
procurando ser feliz.
Então engula a sua zanga
e não fique aí brigando.
Deus foi muito seu amigo,
quando te deu o mar.
Compreenda os seus segredos
Não o afete com seus medo
e volte pra nele navegar...
Fica calma rebeldinha
e faça as pazes com o mar.
É o que escrevo nestas linhas,
pra quem gosta de brigar...
Hahahaha
Não vai ficar de mal comigo também viu?
Bjss,
Livinha Apettito
**********
Livinha,
Grande amiga, poeta e repentista, valeu querida!
Sua fã de carteirinha,
Ysolda Cabral

sexta-feira, dezembro 05, 2008

PALAVRAS SOLTAS

PALAVRAS SOLTAS
De: Ysolda Cabral


Trêmula
Suada
Frio na alma
Sinto saudade

Sentimento
Avesso
É medo


Segredo
Enlevo
Desejo
Não bebo

Tempo
Vazio
Caminho
No nada

Lembro
Esqueço
Sonho
Pesadelo

Elo
Celebro
À toa

Destoa
Sou louca
Sou boba

Ainda pensando ser: YSOLDA

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Publicado no Recanto das Letras em 05/12/2008Código do texto: T1320821

O GATO DA LU

O GATO DA LU
De: Ysolda Cabral


Cortei a boca. Como?
- Não sei!
Não bati em ninguém
E nem muito menos o contrário.
- Quem seria tresloucado?

Se pelo menos tivesse encontrado
O “gato”, com ou sem botas, de moto,
Bonito, de calça Lee, camisa preta
E jaqueta de couro, da Lu Genovez,
Estava o mistério desvendado
E de uma só vez.

Um “cabra” desses
– sou nordestina menina -
A gente “tasca-lhe” um beijo,
Que além de cortar a boca,
Espatifa o coração de qualquer moça.

Além de ser motivo nobre,
Para o divórcio pedir,
Garante um lindo Love,
Pra nos fazer de novo sonhar e sorrir...

Como isso, infelizmente,
Não aconteceu,
Onde diabos cortei a boca,
Genovez?

(Rsrs)

Publicado no Recanto das Letras em 05/12/2008Código do texto: T1320739

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Acabo de receber da poetisa e repentista maravilhosa paraibana da gema, Lívia Apettito, minha amiga; o comentário abaixo transcrito na íntegra.

Coloque uma coisa na sua cabeça

aguente firme e não se aborreça

Páre de ficar olhando o gato da Lú

machucou a boca enquanto dormia

você sonhou, o sonho tava cru.

Tentaste pegar embalo naquela garupa

enquanto o gato voava, a moto dirigia,

o tombo foi fatal, acordaste,

já era dia,

e o machucado da boca assim te dizia:

O gato é da Lú, sua arredia! rss

Bjsss querida... "

*************


VOU PRO SPA


VOU PRO SPA
De: Ysolda Cabral


Resolvi que vou desaparecer,
Para me refazer.
Serei outra igualzinha e pra valer...

Ninguém irá me reconhecer.
Vou tomar banho de lama,
Aromático e com pétalas de rosas,
Para ficar com a pele mais bonita e cheirosa.

Num SPA que tem um pá
De pá, pra enterrar
Quem o tratamento não agüentar.

Lá vale o sem limite pro alcance
Daquilo que se pretende e quer.

A questão não é por e sim tirar,
O que se tem em demasia,
Para no lixo jogar ou queimar...

Tipo; desespero, tristeza, raiva, fantasia
E outros bichos que dão azia, má digestão,
Dor de cabeça, insônia e muita agonia.

Tirando um pouco de cada coisa,
O corpo, o coração e a mente,
Ficarão livres e leves
E vão agradecer imensamente.

Quanto a alma.
Será salva,
E talvez aproveitada,
Se tiver aura boa e clara.
Se não...
Ah! E então?

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Publicado também no Recanto das Letras

quinta-feira, dezembro 04, 2008

MERGULHO NA PAZ


"MERGULHO NA PAZ"
De: Ysolda Cabral


A música ou me acalma ou me irrita.
Se estiver com o volume alto,
Pode ser até bonita,
Mas não me agrada e nem conquista.

Não entendo como se gosta de música alta.
Incomoda, as notas ficam distorcidas
E o cantor não canta, grita.
Mata a música e minha cabeça gira.

Será que estou ficando implicante,
Rabugenta e impaciente?
Vivo a perseguir o silêncio e a calma.
Não consigo nem mergulhando
Na “Paz” de Hermógenes.

Eu e ele somos inseparáveis,
Para onde eu for ele vai,
Adoro seus ensinamentos.
Entretanto, nada aprendo.
Insisto e ninguém pode dizer,
Que não tento.

Sempre estamos juntos
E desencontrados.
É um amor danado!
Envelhecemos juntos.
Ele, de tão usado,
Mais que eu, claro!

Ta ficando amarelo e desbotado.
Ah, coitado!
Entretanto, eu não o largo.
É fato consumado.

A bem da verdade,
Ele tem coisas chatas.
Só me ganha na poesia,
Na paciência e na calma.
Amo Hermógenes!

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Publicado no Recanto das Letras em 04/12/2008Código do texto: T1318661

SORRISO DE CRIANÇA


SORRISO DE CRIANÇA
De: Ysolda Cabral



Quando tudo pára,
Atenção!
É tempestade que se aproxima
E logo entrará em ação.

Ah! Mas que droga!
Estou cansada.
E quem se importa?
Estou carente...

Ah! Que eu me dane.
Sou insana
E estou insone.

Sou eloqüente,
Sou pó e sou semente.
Vê se me entende,
Como se sente?

A vista é turva,
Confunde e engana.
O bocejo é um lamento,
Fico em sofrimento.
É um tormento...

Sinto-me terrivelmente só.
Não ligo, pois isso logo passa.
Lá longe escuto uma risada de criança.
Acho-a linda e engraçada...

Distraio-me com ela
E volto a ficar calma.

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Publicado no Recanto das Letras em 04/12/2008Código do texto: T1318893

MINHA ESTUPIDEZ




MINHA ESTUPIDEZ
De: Ysolda Cabral



Queria não ser tão emotiva,
Vezes há que pareço contida.
É uma atitude aparente
E isso quando acontece,
Até fico contente.

Sofro quietinha,
Num canto qualquer,
Para ninguém perceber.
Logo me recupero
E sigo com fé.

Procuro não incomodar
E se não puder ajudar,
Não atrapalho ninguém.
Sou assim e mesmo assim,
Não fico bem.

Sou má interpretada,
Distorcem minhas palavras
E por mais que eu faça,
Sempre caio em desgraça.

Não adianta ser educada,
Carinhosa e engraçada.
Humilde e sem preconceito,
Acham que sou devaneio.

Ah! Hoje estou muito chateada...


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Publicado no Recanto das Letras em 04/12/2008Código do texto: T1318846

quarta-feira, dezembro 03, 2008

BATOM CARMIM



BATOM CARMIM
De: Ysolda Cabral


Sou mesmo alienada,
Não sei mesmo é de nada,
Nem sei quem sou.
Mesmo assim aqui estou!

Sou da Terra,
Ou extraterrestre comigo em guerra?
De qualquer forma,
Sou mesmo um nó...

Ato e desato.
Coisa difícil,
Eis que sou pó!

Não de estrela,
Realçado por batom carmim,
Blush e sombra verde reluzente...

Sou mesmo é pó de serra,
Que tem cheiro bom!
E, se misturado com água,
Viro estátua com alma.

Se o vento soprar,
Espalho-me a lhe procurar.
E, quando encontrar,
Grudarei em você,
Para nunca mais largar
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Publicado no Recanto das Letras em 03/12/2008Código do texto: T1316832

ESPELHO PREGUIÇOSO



ESPELHO PREGUIÇOSO
De: Ysolda Cabral


Sou tão fraca...
Sou tão insignificante...
E mesmo assim tão grande...
Grande nada!
E não precisa me lembrar!
Eu mesma sei e hoje não vou chorar.
Não tenho por que.
Hoje estou bonita, bem boa e elegante.
Apesar de me olhar no espelho e me ver feia e acabada.
A culpa é dele que assim me refletiu!
De que serve um espelho assim?
Vou quebrá-lo e jogar fora.
Não! Isso ninguém pode ou deve fazer.
Dizem que não é bom, traz coisa ruim...
Já que está no meu quarto e sempre me vê toda chorosa,
saudosa, descabelada e quando dormindo, tendo pesadelo...
Como poderia me mostrar outra imagem?!
Aí quando estou plena, feliz, arrumada e bem bonita,
ele mostra, por pura preguiça, a imagem que já tinha de mim.
Ô espelho desgraçado!
Vou te levar pra Feira de Caruaru,
Na primeira oportunidade.
E lá serás trocado,
nem que seja por uma cega e velha navalha.

(Rsrs)

Publicado no Recanto das Letras em 03/12/2008Código do texto: T1317106

POR UM TRIZ





POR UM TRIZ
De: Ysolda Cabral


O amor que sinto, inventei.
Ele é tão lindo que não existe.
Portanto, não se preocupe
E não tenha ciúmes.
Ele sou eu...

O amor que sinto é único,
Não divido com ninguém.
Porém isso não impede
Que eu ame você também.

Meu amor é só meu.
É amor fantasia,
Que me anestesia,
Tira-me do “eu”...

Estou sã...
Ou não... Talvez...
Pois se minha realidade é sonho,
Não incomodo ninguém.
Portanto, me deixa ir além...

Se de lá,
Nunca mais voltar,
O que é que tem?

Deixa-me viver assim...
Um dia bom, um dia ruim.
É um não sei quê, que me faz feliz.
Sei que não mata,
Mas é apenas por um triz...

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Publicado também no Recanto das Letras

terça-feira, dezembro 02, 2008

NÃO ERRE



NÃO ERRE
De: Ysolda Cabral


Num toque leve
Me leve
Não me peça
Me pegue
Não me solte
Me abrace bem forte
Não se inquiete
Não pergunte se quero
Eu quebro
Não se ausente
Se dê de presente
Você quer e sente
Não demore
Não deixe que eu chore
Venha logo
Pelo ar
Pelo mar
Pelo solo de um violão
Ou numa linda canção
E me acorde
Não tenha medo
De acordar um vulcão
Seja breve
Contudo não erre
Não me esnobe
Seja nobre
E admita:
O amor dita
E sempre tem razão.

COMO SAIO DESTA FESTA?



COMO SAIO DESTA FESTA?
De: Ysolda Cabral


Se o ritmo for acelerado; eu acompanho.
Se for lento; vou adorar.
Se for mais ou menos; fico inquieta.
E mesmo me compenetrando, me controlando,
Sei que paro e vou embora.

Se o ritmo for romântico e espontâneo,
Não necessariamente “caliente”,
Todavia solto, sincero e recheado de carinho...
Eu danço a vida inteira; mesmo que ela seja feita,
Apenas de um minutinho.

Entretanto, não dites regras!
O salão é todo nosso...
A orquestra executa músicas belas.
Você está lindo e eu - claro - mais ainda!
Do que mais precisa para me levar
Na doce e suave música que está a nossa espera?

Escute!
Agora é só silêncio...
A música parou...
Acabou...
Que pena!

A orquestra foi embora,
As luzes; apagaram...
No escuro não lhe acho.
E agora; como saio desta “festa”?

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Publicado no Recanto das Letras



domingo, novembro 30, 2008

EU E O VENTO




EU E O VENTO
De: Ysolda Cabral


Alguém pode me ajudar?
Alguém pode me escutar?
Alguém pode me dizer o que há?

Há no ar algo de misterioso e sério.
Não é tempo de brincar,
Nem muito menos arriscar.

- Psiu! Silêncio!

O dia passou indolente,
A noite chegou indiferente,
Não há estrela e nem luar.
E, o vento sempre num lamento,
Querendo uma história me contar.

Não quero saber e ele insiste,
Persiste e não desiste.
Como se dissesse:
Ah, você vai me escutar!

E começa a sussurrar,
Que está cansado de ventar
Ao ermo e sem direção.
Por vezes causando estragos,
Por vezes não.

Pergunta-me de onde vem,
Para onde vai,
E se for para voltar,
Qual seria seu lugar?

Sentindo sua solidão e seu desespero,
Resolvo lhe ajudar:
Abro mais minha janela,
E o convido a entrar.

Sensibilizado e surpreso,
Não se faz de rogado e resolve aceitar.
E, em agradecimento ao meu aconchego,
Ele me traz de presente o cheiro do mar.
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Publicada também no Recanto das Letras

MEUS PÉS


MEUS PÉS
De: Ysolda Cabral


O dia está lindo e é domingo!
O vento é forte e frio.
Mexe com a cortina da gente
E não é levemente, infelizmente.

Um silêncio assustador paira no ar
E até o Beija-flor passou por aqui e não parou.
- Que horror!

Quantas neste momento sou?
Mulher, mãe, esposa, filha, irmã, amiga
Dona de casa, pretensa poetisa...
Sou tantas e nada sou!

A poetisa, Júlia Telles, diz:
“Meus pés são minhas raízes”
- Que coisa bonita!

Olho para os meus
Concluo que, não têm raízes.
São apenas pés
Pisando em versos tristes...

Algumas vezes me levam por caminhos
Incertos, agrestes, desconhecidos...
Sem me tirar do lugar.
É que são precavidos...

É por isso que digo:
Gosto do meu sorriso
E mais ainda dos meus pés
Pois é!
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MEUS PÉS
De:Júlia Telles
Meus pés são minhas raízes.
Quando vôo em pensamento
saio da minha realidade.
Então olho para os meus pés
e vejo que não tenho asas,tenho pés.
Que me levam também
por caminhos desconhecidos.
Mas os meus, poetisa Ysolda Cabral,
não são precavidos
são bem atrevidos.
Adoro os meus pés
eles se parecem comigo!