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domingo, março 30, 2008

ESPERANÇA


ESPERANÇA
De: Ysolda Cabral


O dia está feio e muito triste.
Chove uma chuva chata e insistente,
Que não serve para nada!
Só para me fazer sentir,
Como se tivesse sido abandonada.

Um abandono mesmo pela sorte
E nunca pretendido,
Obriga-me a lembrar que a vida,
Não é só realização e alegria.
É também feita de muita tristeza e m
elancolia.

Entretanto,
A esperança inunda meu coração...
Afinal, amanhã é outro dia!
E assim, repleto de esperança e emoção,
Bate no peito um Tum-Tum com muita maestria.

Disso ele entende bem!
Bate forte, bate fraco,
Bate até mais ou menos, também.
Só não pode é parar de bater,
Pois agora não é hora disso acontecer.

terça-feira, março 25, 2008

É PRECISO PROTEÇÃO







É PRECISO PROTEÇÃO
De: Ysolda Cabral

Queria hoje compor uma canção
Perfeita em rimas, conteúdo e beleza.
Que pudesse cantar com alegria e emoção
E assim afastar toda a minha tristeza.

Sou naturalmente alegre e bem faceira
Quando a tristeza bate é por motivo nobre
Ninguém pense ser besteira
E se há quem pensa assim
É por que é muito pobre.

Pobre de alma e coração
Pobreza da pior espécie
Pra ela tem jeito não
É justa maldição...

Maldição mínima de um século
Que acompanha a dita cuja (alma)
Por caminhos tortuosos e sem nexo
A deixando, cada dia, mais feia e suja.

Não há reza que conserte
Deus nos guarde sempre dela
Que fique bem longe da gente
E que vá parar mesmo é no inferno.

- A vida é surpeendente, inesperada e bela!!!




sábado, março 22, 2008

MEU PAI É ASSIM





Meu pai é assim


Papai é uma pessoa de personalidade excepcional, altamente correto, honesto, integro e autêntico em todas as suas atitudes. Está sempre de muito bom humor e sua fé em Deus é inabalável. Se bem que, agora está com medo de morrer. Disse não saber o que vai “topar do lado de lá" e por isso prefere ficar por aqui mais uns 150 anos.


- Seu pai, meu avô, Firmino, queria chegar aos 700.

Inteligente e muito teimoso também. Quando cisma de fazer algo faz e faz muitíssimo bem feito. Só para se ter uma idéia, uma ocasião ele foi buscar um terno que havia mandado fazer pelo melhor alfaiate de Caruaru.
Voltou chateado porque o terno não havia ficado como ele queria (sempre foi muito vaidoso e soube se cuidar).

Mamãe disse-lhe para parar de bobagem que nele nada ficava feio (papai é lindo até hoje, aos 77 anos). Bom, não havia jeito dele gostar do terno e ficou a reclamar dizendo que, se fosse fazer, faria melhor. Mamãe duvidou uma vez que, ele nunca havia pego numa tesoura, agulha e linha na vida.

Papai não teve dúvidas, imediatamente, comprou o tecido e fez um terno. A casa ficou de ponta cabeça. Mamãe só faltou enlouquecer e o proibiu de pegar numa tesoura para o resto da vida.

- Mas, ele fez!

É muito espirituoso e ainda hoje disputamos quem é o melhor naquilo que nos propomos fazer. Muito carinhoso, e, quando nos abraça ficamos sem ar do aperto tão grande.

Já mamãe era “arisca”! Brincávamos muito com eles dizendo que se dependêssemos da participação dela para nascer, ainda estávamos por vir. Ela só fazia rir, ficava corada e dizia para pararmos com a brincadeira. Era carinhosa com todos os filhos e muito mimada por todos nós. Contudo, minha irmã caçula, Inára, a estragava de tanta manha.

Que saudades de você mamãe!

A casa ainda tem o seu perfume e para todos os lados que olhamos, lá está você!

E por falar em mamãe, Inára, pediu para ele orar por ela todas as noites. Ele, lhe disse que não, pois em lugar algum na Bíblia falava que a pessoa precisasse de oração depois de ter morrido.

- Eu posso...?!

Mandou foi ampliar várias fotografias dela e outras dos dois e deu para cada filho. Outras,espalhou pela casa.

A bisneta, Ylana, de 03 meses, que voltou para o Rio esta semana, ele a chama de “boboquinha”. Hoje perguntou a Yauanna, minha filha de 17 anos, se ela era uma “patricinha”. Yauanna ficou indignada e disse: ora vovô, não sou patricinha! Sou igual a você: vaidosa. Ele deu uma risada gostosa e disse ter sido só para provocar. Papai é terrível!

Outra dele: estávamos almoçando e eu contando para minhas irmãs as peripécias que apronto no Orkut e ele só escutando. Então, Inára, me perguntou se eu tinha visto seu comentário no blogger, relativo à poesia “Contrição” (ela curte muito meu blogger).

Papai olhou para mim e falou: eu não suporto poesia, prefiro minhas crônicas.

– Ele escreve diariamente, e, fora as crônicas já publicadas nos jornais de Caruaru e Diário de Pernambuco, contabiliza mais de 10.000 trabalhos. Todos, escritos em cadernos enormes de 400 folhas. Em cada folha duas crônicas, uma na frente e outra no verso. Fiz tudo para ele usar o computador mas, ele diz que o “calepino” é melhor.

Respondi-lhe na horinha e bem na cara dele: escuta aqui Alírio, sabe por que você não gosta de poesia? – Porque sou melhor que você. Ele engasgou de tanto rir.

Fez várias canções, belíssimas, para mamãe. Abaixo, trechinhos de algumas que gosto muito:

Por ocasião de uma briga boba:

...Sofrer assim não pode ser
Viver assim melhor morrer
O meu pobre coração
Já não quer desilusão

Se já sofri
Se já chorei
Foi por você meu grande amor
O meu viver é só enfim
Querer você só para mim

Sim, sim, sim
Não, não, não
Bate assim o meu coração

Sim, sim, sim
Não, não, não
Pra você esta minha canção

Por ocasião de uma viagem de mamãe, sem ele:

...Esta é a canção que lhe fiz
Tudo foi emoção que senti
Quando vi você partir
E logo sumir me deixando só

Quero você aqui
Quero você assim
Quero você pra mim...

Um dia, sua sobrinha, Yolanda, lhe perguntou como ele compunha. Ele pegou o violão e lhe disse é assim:

Vou dizer pra você
Toda minha paixão
Vou dizer pra você
Toda minha emoção

Se você entender
Será muito pra mim
O destino que fez
Eu amar outra vez
Você me quis

Aí deu um nó na rima, ele apelou:

Vai ser muito bacana
Você só para mim
E depois
E depois

Aí empancou...

E depois hum rum rum
E depois hum rum rum..

Fez várias canções para nós seus filhos e também para os netos. Só não fez ainda para a Boboquinha.

Ele conta que, uma ocasião, quando ainda noivo de mamãe, discutiram e terminaram. Creio que ciúmes (mamãe era linda também) e ele morria de ciúmes dela.

Terminado o noivado, mamãe foi passar uns dias no engenho da família, lá pelos lados de Bonito. Quando ele soube, enlouqueceu!


Foi imediatamente a procura dela. Chegando na cidade de Bonito, pegou um cavalo na fazendo de seu padrinho, João Caramuru, e, galopou até onde mamãe estava.

No final da tarde e já feita as pazes, ele montou no cavalo e voltou para Bonito.

- Só pensava em mamãe...

De repente, já noite, percebeu que galopava, galopava léguas e nunca chegava.

- Havia se perdido! Entrou em pânico...

Foi quando encontrou um camponês e lhe perguntou o caminho de volta para Bonito. O camponês lhe respondeu: você está sobre ele!

- Solte as rédeas do cavalo que ele lhe levará.

Assim foi seu retorno. Aos cuidados do cavalo e na cabeça: mamãe.

Ô viagem boa, num foi meu pai?!


Amo você.


Linda Páscoa papai.

PS. Na foto ele e mamãe quando noivos.

Mamãe faleceu, infelizmente, no dia 14/01/2008.

sexta-feira, março 21, 2008

CONTRIÇÃO




CONTRIÇÃO
De: Ysolda Cabral


Semana Santa
Santa Semana
Abençoada e tanta!

Aproveito para por a “casa” em ordem
Cada coisa em seu devido lugar
Uma dúvida: que espaço irá me guardar?

Sou "estourada" pra danar
Temperamento medonho de ruim
Sorte que passa logo
Mas causa enormes estragos.

Enfim...

Aproveito esta época,
Costume que trago desde menina,
Para me obrigar a pensar e repensar
E só vêm coisas assim:

Um lamento... Um ai...
Por fatos que já se foram
E outros que hão de vir
E que, talvez, não devessem chegar

Sempre há algo a aprender
Não tenho nada que valha a pena ensinar
Preciso é voltar a escutar
A voz do Vento
Quem sabe assim
Não venha a me salvar...?!




quarta-feira, março 19, 2008

PÁSCOA




PÁSCOA


Que neste período, próprio para reflexão, aconteça algo realmente grande que faça a humanidade parar de vendar os olhos para as coisas belas e verdadeiras que AINDA existem e tentem salvá-las.

Uma Páscoa de olhos abertos e boca fechada para não atrapalhar a contemplação e a oração.

Ysolda Cabral

terça-feira, março 18, 2008

COMO UM AÇOITE


COMO UM AÇOITE
De: Ysolda Cabral

Meia noite
Meio dia
Meia vida
Meio sem saída

Saída sem jeito
Efetivamente com efeito
De partida
De despedida
Que deixa saudade
De morte

Cheiro da noite
Cheiro de frio
Que esfria
Que arrepia
Que não sossega
Que deixa só o vazio

Vazio repleto de esperança
Para uma mudança
Que virá ao nascer do dia
Ou ao meio dia
Ou ao cair da noite
Como um açoite
Para acontecer
Se houver a sorte.

segunda-feira, março 17, 2008

SAÍMOS JUNTOS




SAÍMOS JUNTOS
De: Ysolda Cabral

Hoje fui examinar meu coração.
Colocaram-me numa mesa
Braços erguidos e presos.
No peito, esquerdo, muitos fios
Num lugar bastante frio.

Um tubo branco e preto
A passear sobre meu tronco e cabeça.
Comecei a pensar qual cor iria encarar,
Pois qualquer escolha seria puro preconceito.
Resolvi fechar os olhos e comecei a sonhar.

Quando comecei a me sentir
Dentro do meu próprio coração,
Aconchegada e quente...
Tiraram-me da mesa, abruptamente.
Eu, totalmente atordoada,
Mandaram imediatamente:

Caminhe!
Lento... Rápido... Correndo...
Fizeram uma veia de acesso,
Para levar marcadores líquidos até ele,
Meu massacrado coração.
Fiquei a pensar:
Será que vamos escapar,
De toda essa enorme confusão?

Ele feito louco batendo
A me perguntar:
Por que estamos aqui,
Se juntos nos completamos, nos bastamos
E nos entendemos?!
E se eu resolver parar?
Eles não irão evitar!!

Vamos embora antes que eles nos matem!
Temos muito pra fazer, pra saber,
Pra contar, pra cantar e pra viver...
Mas, enfim:
Vamos sair juntos daqui?



quinta-feira, março 13, 2008

NOCAUTE NA TRISTEZA





Nocaute na Tristeza
De: Ysolda Cabral


Hoje a tristeza me bateu
Sem dó ou compaixão.
Ela é muito achegada a isso.
É sádica e traiçoeira
E eu fiquei sem ação...

Ela chega sem a gente convidar.
Instala-se de maneira sorrateira,
Tomando conta da gente,
Machucando pra valer,
Sem se preocupar,
Se vamos agüentar.

Ah, mais eu agüento,
Agüento sim!
E vou logo avisando:
Pode bater a vontade,
Pois logo vem a revanche
E de um sôco só,
Jogo você na lona,
Apenas num piscar!

Sou alegria,
Não sou agonia,
Sou da harmonia
E sei que posso
Assim lhe derrotar.

Portanto, vá embora!
Aqui não há lugar,
Para você ficar.
Vá bater em outra porta.
Numa porta que,
Bata-lhe na cara à porta
E você caia morta
Para nunca mais
A ninguém atacar
.

segunda-feira, março 10, 2008

SILÊNCIO FATAL




SILÊNCIO FATAL
De: Ysolda Cabral

No meio do silêncio,
Há música...
Audível apenas aos meus ouvidos.
Deixo-me envolver suavemente.
Ela me acalma, me seduz
E me tem totalmente.


Neste momento somos
Completa união em sublime sintonia,
Formada de muita emoção e magia.
Com ela, eu e meu pensamento,
Num ritmo sagrado e quase santo,
Daquilo que é puro encantamento.


E assim estamos
Nos entregando totalmente.
O mundo lá fora não existe.
Ele está aqui e agora,
Neste exato momento.


Eu, de tão contente,
Não o quero deixar ir.
Quero que fique para sempre aqui.
Porém, como tudo tem o seu final,
A música termina
E o silêncio se torna fatal...





sábado, março 08, 2008

JEITO DE SER



JEITO DE SER
De:Ysolda Cabral

O que tenho?
Tenho a mim
O que sou?
Sou pouca coisa ou quase nada
Para onde vou?
Para onde a vida me levar

O que sei?
Sei sorrir e sei chorar
Sei brincar e sei sonhar
Sei perder, sem compreender
Sei perdoar e ainda confiar
Sei magoar, sem saber
E talvez ainda não saiba amar

Se canto?
Canto o meu canto
Do meu canto
Para não incomodar
Pode ser alto ou baixo
Afinado ou desafinado
Mas é assim o meu jeito de cantar

Do que mais gosto?
Gosto do silêncio
Ele me ensina a calar
Coisas que eu não posso contar
Para não me fazer sofrer
E novamente chorar...




sexta-feira, março 07, 2008

O GRANDE ENCONTRO


O GRANDE ENCONTRO
De: Ysolda Cabral


Quando o meu humor está
"Assim... Assim..."
Se o deixo ficar,
Ele acaba comigo.
Então, não consinto!
Mando-lhe bem rápido
Para longe de mim.

Não tenho cultura,
Não sou intelectual,
Não sou fenomenal...
Penso até que nem sou real!
Nesses momentos olho para mim,
Através do meu cérebro
E percebo que ele é muito sério.

Fico assustada e lhe digo:
Fica na tua e deixa que meu coração me cuida.
Aí sinto o coração acelerar,
Como se quisesse dizer: não começa a abusar
Estou ficando velho para te carregar...

Será que meu coração enlouqueceu,
Ou eu estou a sonhar?
Ele não me carrega.
Eu que vivo a lhe carregar!
Sem muito cuidado, é verdade.
Mas, agüento os seus trancos,
Os seus encantos e desencantos
Sem muito reclamar.

Tudo está ficando meio virado
Meu coração se acabando,
Eu não me achando,
O cérebro triste a reclamar,
Recusa-se a funcionar.
O que acontecerá quando os três
Resolverem se encontrar?


sábado, março 01, 2008

NO ESPAÇO SIDERAL


NO ESPAÇO SIDERAL
De: Ysolda Cabral

Bum!!!!!
E assim mandei tudo de mim para o espaço.
Será que lá haverá lugar para algum pedaço ficar?
E se tudo voltar?
Poderá cair em qualquer lugar
Espalhado, desencontrado, arrebentado...

Gravidade e atração fatalmente se encontrarão
E todos os pedaços se juntarão.

Formarão uma nova pessoa, coisa, ou algo inexplicável?
Não sei não...
Talvez o coração lá encontrasse algum lugar para tranqüilo repousar
Mesmo que seu bater não precisasse acontecer...
Mas o que viesse de volta,
Como poderia viver?

Então que ficasse por lá as lembranças tristes,
Os projetos nunca realizados,
Os lamentos e todos os ais nunca gritados.
O sofrimento que nos faz morrer um pouco a cada momento
Se diluísse em total esquecimento no primeiro buraco negro que encontrasse.

Que a alegria, com muita força e energia, voltasse.
A esperança, trazendo um novo e lindo dia.
Que a fala não fosse apenas para ser ouvida,
Lida e sim sentida em toda sua força e plenitude.
E, quando alguém lhe dissesse: amo você
Fosse realmente verdade e
possível de acontecer
Com toda pureza e totalmente lhe completasse.