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terça-feira, setembro 30, 2008

MENTE




MENTE
De: Ysolda Cabral



Finalmente com objetivos claros e definidos sigo a vida
Não importa se a hora é chegada
Precisava de uma vez por todas pensar apenas em mim
E isto feito já é de bom tamanho todos hão de convir.

Coisa errada e sem mágica é chegar aos vinte e quatro
Permanecer neles até os quarenta e quatro
E aos cinqüenta e quatro não querer chegar
Aos cento e quatro.

Ah! Eu mesma não!
Chegarei aos mil e quatro
E quem sabe muito mais ainda hei de ir?
Mesmo achando vez ou outra
Que nem sou mais daqui.


Senão vejamos: se estou aqui,
Porque me sinto lá?
E quando sinto que estou lá,
Volto correndo para cá?


E sem saber aonde estou, fico por aqui
E, assim, daqui pra lá e de lá pra cá
Fico sem ter pra onde ir.
Paro e penso
Que direção devo tomar?
O coração logo se mete
E todo peralta logo diz:
- Vai por mim!

Nossa, de jeito nenhum
Não sou louca!
Quem vai decidir é minha mente
Ela sabe das coisas e não mente
Pois minha alma sente
E com ela sempre estou contente


E, então,
Pra onde vamos, pergunto à minha mente
E ela toda sapiente e se achando
Prontamente me responde:

- E eu sei lá !

segunda-feira, setembro 29, 2008

NOVA INVENÇÃO



NOVA INVENÇÃO
De: Ysolda Cabral



Fiz de você minha mais linda invenção
Ficou tão perfeita que recusei a acreditar
Que tudo não passava de mera ilusão
- Que decepção!


Por longo tempo vivi num devaneio febril
Nem do meu “laboratório” saia
Aperfeiçoando a minha cria
E assim muito feliz me sentia.


Porém, como tudo acaba
Um dia acordei e constatei
Que minha invenção havia se rebelado
Pois sem nenhuma explicação
Havia me deixado.

Fiquei com o coração dilacerado
Todos os sonhos arrebentados
Todos os planos acabados
Até os que estavam em andamento
Foram radicalmente eliminados
Sem contemplação.

Como nada guardo
Relativo aos projetos inventados
Fiquei a chorar no deserto
De uma solidão devastadora
Sentindo-me sem teto e sem chão.

E agora,
- Crio uma nova invenção?


PS. Tema solicitado

domingo, setembro 28, 2008

CANTO DO PASSARINHO


CANTO DE PASSARINHO
De: Ysolda Cabral


O dia estava bastante bonito
Eu estava muito feliz comigo
E, assim do nada

A chuva que estava aí
Chegou com tudo por aqui.

Não dei muita importância
Afinal adoro a chuva
Entretanto, ela me pareceu com ânsia
De destruir a terra e até a lua

Senti muito medo
E pensei logo nas pessoas
Que sem teto vivem na rua
Nuas...

Corri para casa assustada
E nem me despedi do mar
Sentia que algo iria terminar
E eu não tinha como evitar

Pensei: se a terra e a lua
A chuva acabar,
Aonde iremos todos parar?

Parei de caminhar
Olhei para o alto
Com olhos bem abertos
Como quem colírio vai colocar
E ao Meu Melhor Amigo perguntei:

Por que Fazes isso?
Você adora mesmo nos testar!
Pára já com isso!
Ainda precisamos caminhar...

Foi então que acordei
E na janela notei
Um lindo Canário a cantar...

“Jesus tem cada uma
!”




sábado, setembro 27, 2008

MEU EPITÁFIO



MEU EPITÁFIO
De: Ysolda Cabral


Se eu morrer mais tarde ou amanhã
Não quero que ninguém fique triste - Eu vivi!
E, vivi completamente tudo o que quis
De verdade, ou através do sonho
E, assim, fui muitas vezes feliz

Comigo não levarei nada
Entretanto, deixo minha poesia
Espalhada pelos quatro cantos
E, se alguém se dispuser a corrigir sua rima
Não vou me incomodar
Nunca dei importância a isso
Somente para o que estava sentindo

Deixarei o meu perfume
Em cada hortelã graúda
Que você encontrar
E, se, em noite sem aconchego
Tiver um pesadelo
Com vento ou sem vento
Meu perfume lhe acordará

Deixo também o mar
Que sei, nunca foi meu
Contudo, quando nele mergulhava,
Com certeza ele era meu
Sim... Só meu!

Quanto ao meu violão,
Há muito num canto esquecido,
Faça de conta que é seu
Lustrado e com cordas novas
Quem lembrará que foi meu?

E, assim ele fará companhia
A qualquer apaixonado
Pela música e pela vida
Toda noite e todo dia

Logo, sorria!
- Ele é seu!
- Quem diria!!!

O meu corpo?
Ao pó voltará independente do lugar
Então tanto faz ficar aqui ou acolá
E ao deixá-lo, esqueça
Não sou eu que ficou lá

Fiquei em tudo que deixei
E que acabo de contar
Portanto, me aproveite bem
Pois se em vida não o fez
É, enfim, chegada à vez.


quarta-feira, setembro 24, 2008

PEÇAS DE XADREZ OU DE TEATRO






PEÇAS DE XADREZ OU DE TEATRO
De: Ysolda Cabral


Um aperto me abraça
Muito apertado
Num peito muito triste e cansado
Minha cabeça lateja
E o corpo está pesado

Minhas mãos vazias
Bailam sobre o teclado
Em toques lentos
Que de tão sem vida, dão raiva

As idéias se misturam atrapalhadas
Perturbam numa perturbação
Estranha e também engraçada
Estou chorando, mas logo darei risada
O que mais me falta?

Será manhã, tarde ou noite
Dia da semana ou final de semana?
Que me importa, não sendo Agosto,
Já é de bom tamanho
Viver às vezes cansa...

Repouso o cansaço do corpo
Canso a mente e canso a alma
E aí o coração reclama
Fico em pedaços
Por dentro de mim espalhados

E com eles por todos os lados
Não há como juntar
Mesmo inteiramente visíveis
Como peças de xadrez ou de teatro
Os estragos são irreversíveis

segunda-feira, setembro 22, 2008

TEU OLHAR



TEU OLHAR
De: Ysolda Cabral


Teu olhar na fotografia me encara
De maneira penetrante
Exatamente como outrora
E o que faço agora?

Fico indignada ao lembrar
Do amor que sentimos
Um pelo outro
E deixamos para lá...

Pena que o tempo passou
Tudo mudou
E nunca mais voltamos
A nos encontrar
Em nenhum lugar...

Se um dia isso acontecesse
Tremeria de emoção
Meu coração iria sair do peito
Querendo lhe abraçar...

Não iria deixar
Pois se deixasse
Morreria de fato

Prefiro viver
Sem lhe rever e sempre ter
Seu olhar penetrante na fotografia
A me encarar como se quisesse
Novamente comigo estar.


PS. Tema sugerido

sábado, setembro 20, 2008

APENAS EU E O MAR




APENAS EU E O MAR
De: Ysolda Cabral

De uma forma estonteante e bela
Você me recebeu e me envolveu
Com a força da Natureza
Que Deus lhe deu...

Parecia que hoje me esperava
Como quem tem premonição
E havia tomado todas as providências
Para me receber com alegria e emoção

Deixei-me envolver por inteiro
E em você flutuei como uma pluma ao vento
Sem direção e sem nenhum medo
E o tempo para nós ficou lento

O azul de minhas vestes
Confundia-se com as suas e as do céu
E sentindo você inteiramente meu
Esqueci até quem era eu

Por um fugaz momento
Escutando a sua voz
Deixei-me embalar
Em completa entrega
Daqueles que sabem amar

Deixar você, nunca é fácil
Sempre me dá vontade de chorar
Porém ao lhe olhar, me acalmo
Pois sei que vou voltar

sexta-feira, setembro 19, 2008

SOMOS UM


SOMOS UM
De: Ysolda Cabral


O que somos?
Penso, penso e penso...
Será que consigo adjetivar o que somos
Sem pecar?
Somos uma poderosa forma de “nó”
Que nos une sem costumes...

Não existe nada parecido
Nada tão encantado
Nada tão sem perspectivas
Sem sonho e sem objetivo
Absurdamente despropositado e único...

Pleno, intenso
Fora de tempo e lugar
Verdadeiro, abstrato
Incauto, absoluto
Tudo...

Coisas da alma?

Nem amigos
Nem inimigos
Nem amantes
Nem conhecidos, tanto!

Num espaço físico,
Contido, restrito,
Proibido, desconhecido...
Muitas vezes sofrido,
incompreendido
E sempre juntos como nunca!

Um só inteiro
Mesmo quebrado,
Partido, arrebentado
Na partícula de estrela
Tornamo-nos Cometa
A orbitar em volta do Sol
Que há em nós...

Somos Um, apenas!

quinta-feira, setembro 18, 2008

LUA E ESTRELAS



LUA E ESTRELA
De: Ysolda Cabral



Não fale
Cale
Apenas pense

Agüente
É só gente descontente
Sofrida como a gente

Não assista o jornal
Mude de canal
Notícia ruim faz mal

Vá olhar o Céu
Sem o véu

Se tiver Lua e Estrelas
Lembre-se: ainda somos gente


quarta-feira, setembro 17, 2008

BANDOLIM E VIOLÃO



BANDOLIM E VIOLÃO
DE: Ysolda Cabral


No quadro na mistura das cores
Encontro a beleza da poesia com emoção
Meu rosto jovem e sorridente está nele
Lembro desse momento e me parte o coração...

Momento de tristeza e desilusão
No meu sertão pernambucano
Quando me sentia fora de lugar e de estação...

Não lembro se era inverno ou verão
Sei que de dia o calor era insuportável
E a noite de muito frio
Havia medo do incerto e da solidão...

No terraço de casa sempre a mesma canção
Invadia a alma que não se sentia tranqüilizada
Pelos acordes tristes do bandolim e do violão...

Às vezes tentava compor um novo poema
Falando de coisas nunca vividas
Apenas imaginadas
Para me sentir recompensada...

E, assim, sempre com o sorriso no rosto
Em qualquer situação
Fazia-me acreditar na felicidade
Sem nenhuma vacilação.


terça-feira, setembro 16, 2008

RECEITA DE BELEZA





RECEITA DE BELEZA
De: Ysolda Cabral


Para ficar bonita
A menina precisava comer
A flor do coco raspada atrás da porta.

O segredo vem de mãe pra filha
Há séculos, instruía minha Bisa.
E, Maria, minha babá, obedecia.

Eu não me preocupava com isso
Gostava era do docinho que o coco tinha
Ficar moça e bonita
Devia ser bom, mas um transtorno
Eu sentia...

De certa forma não me enganei
E muitas amarguras penei
Uns me achavam simpática e linda
E outros, antipática e muito chata
- Ai! Que vida!

Por um tempo fiquei triste e deprimida
Com minha Bisa, mamãe e com Maria.
Eu até já compunha poesia
E ninguém lia!

Olhava-me no espelho
E nada via de bonito
Uma magricela, de olhos grandes,
Dentuça, porém de sorriso franco.
Eu era assim e ninguém via...

Agora que estou ficando velha
E ficar velha é voltar a ser criança
Estou pensando em comer a flor do coco
Novamente atrás da porta...
Quem diria?!

**********************

O advogado, poeta, escritor e sábio amigo
- prestes a ser pai - Nizardo Wanderley ensina:

Nossa matéria envelhece,
A gente sofre e padece
Cavalgando na esperança
Mas a vida só se acaba
Quando a alma fica braba
E deixa de ser criança.


segunda-feira, setembro 15, 2008

NAS VOLTAS DO CARROSSEL - nº 002





Nas Voltas do Carrossel... Nº 002
De: Ysolda Cabral


Quem disse que,
“Nas voltas do Carrossel
Perdi o medo do Mundo?”
Nem por um segundo
Isso de fato aconteceu.

Desde menina,
Com coragem driblo o medo.
Contudo, ele sabe e me instiga,
Tentando me enfraquecer,
Só para me vencer.

Contudo,não me dou por vencida,
Pois se tenho medo do escuro,
Vou dormir de luz apagada
E com a porta escancarada.
Agora o espelho...
Ele é cheio de mania e tenta me enganar,
Mostrando para mim uma imagem
Que, de jeito nenhum,
Corresponde com é minha.

O mesmo acontece com a máquina fotográfica,
Ainda bem que está praticamente extinta.
Mas, pensando bem...
Foi vencida pela câmara digital.
Minha inimiga em grande potencial...

Entretanto, com muito medo, encaro o que vier.
Não corro de uma “parada”, por nada!
Aliás, corro!
Corro, corro léguas, corro muito,
Corro até o fim do mundo,
Se der de cara com defunto...


sábado, setembro 13, 2008

O QUE SERÁ?





O QUE SERÁ?
De: Ysolda Cabral



Memória e sentimento...
Será que tem relação?
Tomara que não!


Sinto o tempo passar tão rápido
E tudo já não é mais do mesmo jeito
Posso a qualquer momento perder a memória
Mas não posso perder o sentimento...


Assusto-me com o pensamento
De achar que ele não está no coração
Este órgão que bate do lado esquerdo do peito
E sim no cérebro, ou será que não?

Que confusão está minha cabeça e no meu coração!
Queria tudo entender para poder organizar
Em formato de arquivo com índice pra consultar...


E, perdendo mesmo a memória
Não terei mais nada
Nem a minha alma?

Algo terá que restar
O que será?

sexta-feira, setembro 12, 2008

SEMÁFORO LUNAR




SEMÁFORO LUNAR
De: Ysolda Cabral


A rua está deserta
A hora é incerta
O tempo confunde
A chuva é intensa
E está muito forte...


Divertindo-me descubro
Que estou em cima
E também estou em baixo
É que estou vendo o meu reflexo
No asfalto molhado...


Entre um e outro
Pergunto-me pela minha sanidade
Aí percebo os meus sapatos
Completamente encharcados...


Tiro-os, não muito fácil,
Firmo os pés descalços e sigo
Para onde, não importa
Estou aonde preciso estar
E não irei me rebelar...

Apenas, quando estou triste,
Por vezes, sorrio muito,
É que acho engraçado e absurdo
Quem tem vista
E teima em viver no escuro...


Por isso digo:
Rio do perigo
Choro de felicidade
Sou toda o contrário...


E assim vou, sem muita direção
Aguardando o coração
- meu indispensável semáforo -
Fazer a sinalização
Nem que seja à força
Do luar da imaginação.

quinta-feira, setembro 11, 2008

" NAS VOLTAS DO CARROSSEL..."




"NAS VOLTAS DO CARROSSEL"...
De: Ysolda Cabral


Em menos de um segundo
“Nas Voltas do Carrossel
Perdi o Medo do Mundo”...

Foi quando ainda menina
Aprendendo a escutar
Os segredos que o vento
Tanto insistia em me contar...

Era pura e muito tola
Acreditava em fantasia
E tudo o que mais queria
Era ser feliz um dia...

De repente,
Num espelho me olhei
A imagem que eu via
Não parecia que era eu
E a tristeza me abateu...

Constatei,
O passar do tempo
E lhe questionei a razão
Dele ter passado tão depressa
E, Ele...
Nenhuma resposta me deu.

terça-feira, setembro 09, 2008

SOUVENIR






SOUVENIR
De: Ysolda Cabral


A solidão é assustadora
Em todo recomeço e não é à toa.
Os caminhos, mesmos parecidos,
Não são os mesmos...
- Afirmo!

Seguir em frente,
Através do retrocesso,
Não é coisa muito boa.
Mas... É preciso!

Rever os erros, os acertos,
Os mais e os de menos,
E fazer tudo de novo,
É muito visto, percebido,
Porém criticado e não aceito.

Bem interessante
É o vai e vem da vida...
Sempre empolga
E motiva...
Mas, engana!

O que estará ainda por vir?
Recompensa, eu sei:
Nem mesmo um “souvenir”
- Pelo menos aqui!

segunda-feira, setembro 08, 2008

QUE NEM ROBÔ



QUE NEM ROBÔ
De: Ysolda Cabral



Não queria mais sofrer,
Não queria mais chorar,
Não queria mais sonhar.

Para tornar isso possível
Juntei os sentimentos,
Fiz um belo pacote e joguei no mar.
Uma onda enorme se formou
E sem cerimônia levou...

Estava enfim livre!
Sem me emocionar
- a emoção foi segurando o “pacote”
para não se abrir e desmanchar -

É que estava muito cansada
De esperar,
De planejar,
De pelejar...
Cansei até de cansar!

Agora vou viver
Que nem Robô!
Mas... Como, se no “pacote”
Esqueci de colocar o amor?




domingo, setembro 07, 2008

FALTA DE ESPERANÇA



FALTA DE ESPERANÇA
De: Ysolda Cabral


Finalmente sem laço
Eu e a minha Hortelã
Estou de um lado e ela de outro
O que faço?

Se nosso verde difere
Se nossa existência não mais sorri
Até tentei mais perto dela chegar
Mas não consegui

Se a reguei na medida exata
Como vou saber
Se a manhã foi de verão
E a tarde de chuva temporã?

Como um senão...

E então,
O que fazer?

Tirá-la do canteiro
Colocá-la num jarro de barro
Ou, talvez de cristal...
Para ela não seria fatal?!

Deixá-la onde está
Com certeza breve morrerá
E sem o seu perfume,
Como farei para do pesadelo acordar?

Ah! Minha Hortelã...
Que falta de esperança
Você me dá!

sexta-feira, setembro 05, 2008

RESPONDA-ME






RESPONDA-ME
De: Ysolda Cabral


Desde quando falamos só o que devemos?
Desde quando fazemos só o que queremos?

Desde quando temos apenas sonhos?
Desde quando somos totalmente verdadeiros?

Desde quando alguém nos entende?
Desde quando de alguém entendemos?

Desde quando somos só simpatia?
Desde quando somos só nostalgia?

Desde quando somos justos?
Desde quando somos mudos?

Desde quando somos ocos, moucos?
Desde quando somos loucos?

Desde quando somos bobos?
Desde quando somos rôtos?

Desde quando somos lordes?
Desde quando somos pobres?

Desde quando tudo é poesia?
Desde quando não sentimos agonia?

Desde quando o amor é só alegria?
Desde quando a vida é toda certinha?

quinta-feira, setembro 04, 2008

MUITO A CAMINHAR


MUITO A CAMINHAR
De: Ysolda Cabral

O frio não é de inverno
E nem da alma
É do ar condicionado
Por que está um calor danado

O chocolate quente
Não é de Gramado e nem de Gravatá
Foi feito por mim
E está uma droga de ruim

A música é boa
Mas já escutei tanto
Que perdeu o encanto
E não mais, junto com ela, canto

Os dedos doem de tanto teclar
Os pulsos já começam a reclamar
E eu aqui a espera do sono chegar

Estou elétrica
Preciso desacelerar
Culpa do Mar
Que sempre me deixa assim

A manhã, se acordar,
Vou novamente lá
Andar, nadar e sonhar
Que o “Tum... Tum” vai melhorar
Afinal, tenho muito ainda a caminhar...



GRITO DE AMOR




GRITO DE AMOR
De: Ysolda Cabral



O grito do amor é irracional
Ele vem de dentro para fora
Atropelando tudo à sua frente
E muitas vezes causa morte

O amor quando sozinho
Torna-se um sentimento
Ainda mais poderoso
E facilmente lhe deixa trôpego

Você não sabe para onde ir
E nem aonde quer chegar
Os objetivos não existem
E os dias tornam-se tristes

Oh! Sentimento inexplicável!
Acontece assim do nada
E sem você perceber
Ele faz o que quer de você

Normalmente não é correspondido
Na mesma intensidade
Pois é muito confundido
Com sentimentos similares

Quando isso acontece
Ele enlouquece
Tenta sair de você em desespero
Infelizmente não consegue
E você fica só e a sofrer...


* Tema solicitado

quarta-feira, setembro 03, 2008

TOBOGÃ IDIOTA




TOBOGÃ IDIOTA
De: Ysolda Cabral



Às vezes penso que tenho 20 anos e tudo fica bem difícil. É verdade! Aí volto para a minha idade e tudo está devidamente correto. Apenas preciso entender que não existem limites para o pensamento, para o sonho... As realizações, é que não deviam se concretizar, em sua grande maioria, uma vez que perdem a graça, quando realizadas, e, a frustração é devastadora lhe deixando vazio e terrivelmente cansado.

Estou começando a mudar uma série de conceitos, tentando me entender com o objetivo de melhorar minha qualidade de vida, e, quem sabe assim, ser mais feliz, mais leve, mais solta e menos braba... E, claro, normalizar o “Tum... Tum...” Ele anda muito acelerado. Quando isso ocorre, por conta de um momento de avassaladora paixão, se justifica e é muito bom. Contudo, não é o caso.

Morrer de raiva é castigo. Morrer de amor é presente Divino. Poucos têm tal merecimento. E se fosse possível escolher, escolheria morrer de amor, evidentemente.

Com essas reflexões caminhava a beira do mar e aqui e ali dava um mergulho, nadava um pouquinho – não posso forçar - e continuava conjecturando.

Logo descobri que precisava fazer alguns planos, inventar uns bons sonhos, navegar por dentro de mim em busca de objetivos bem absurdos, estapafúrdios mesmo – que graça tem a vida sem isso? E quanto mais impossíveis e irrealizáveis, melhor.

Resolvi sentar, tomar uma água de côco e curtir a beleza do dia de sol brilhante, mar azul, calmo, pouca gente... De repente uma algazarra me tira abruptamente de meu sossego e de minhas reflexões. – Acho que estou me tornando filósofa. (Rsrs)

Uma alegre e barulhenta família se aproximava. Um jovem casal, uma filha de uns cinco anos, os avós, duas tias, a babá e o cachorrinho. A alegria era evidente em todos. Será que estavam vendo o mar pela primeira vez? - Perguntei-me.

Em seguida compreendi a razão de tanta euforia. O pai da garota, com a ajuda do avô, abriu um pacote de plástico enorme. Pensei ser um toldo, mas não era. Depois de armado, quero dizer, inflado, parecia um tobogã no sentido contrário e que, colocado a beira do mar, na vertical, ficou deslocado, sem jeito... A essas alturas eu já previa o desfecho.

A parte inflada, metade de uma circunferência, tipo bóia, eles colocaram de costas para o mar. Dela saia uma passarela, de uns vinte metros de plástico, - a rampa do tobogã, na minha dedução – vinha do mar e se estendia pela areia até quase perto de onde eu estava.

A expectativa era geral e a menininha, entusiasmadíssima, não parava de perguntar à mãe se já podia brincar. Como estava ventando muito –os restos dos “Ventos de Agosto” com toda certeza – atrapalhava a aderência do plástico na areia molhada. Correram todos para ajudar. Depois de uma peleja grande, conseguiram. A mãe então diz para filha: pronto princesa!

– A garota se jogou. Não escorregou nem meio metro. (Ora, em terreno plano, como poderia?!)

Neste momento, o pai pergunta para a babá pelos baldes. – Agora complicou tudo, constatei.

Chega à babá. Gorda! – Coitada, dava dó! Suadíssima, cansada, esbaforida, mas com os baldes. Eu já não pensava em mais nada. Só antevia a comprovação das minhas reflexões.

Todos pegaram um balde e começaram a trazer água do mar para jogarem na “rampa” ou “pista” do “tobogã e assim a garota ter condições de escorregar até a circunferência inflada, a qual, a essas alturas, já estava cheia d’agua.

- Aí a mãe novamente grita: agora minha filha! A menina se joga, e, nada! Depois de várias tentativas. A mãe resolve ela própria fazer a demonstração – e eu de cá: a coisa agora vai pegar...

- Joguem água, joguem mais, e, ela se jogou de barriga. Foi com tudo!

- Ai! Senti a dor!O silêncio foi total.

A menina de tanta tristeza nem falava. A mãe chorava. A avó gritava com o filho por ter comprado aquela “coisa” para sua neta e o avô, foi embora sem dizer nada.Quanto a mim, fiquei muita chateada com aquele “tobogã” idiota.
**********


Publicado no Recanto das Letras em 02/09/2008
Código do texto: T1158646

segunda-feira, setembro 01, 2008

SAÚDO SETEMBRO



SAÚDO SETEMBRO
De: Ysolda Cabral

O mês das flores,
Das cores,
Das promessas de coisas boas,
Finalmente se inicia
E de maneira majestosa.

Logo ao raiar do dia
Ouvi o cessar da chuva
O cantar dos pássaros
E o vento suave a me dizer baixinho
- Hei! Levanta, o dia está lindo!

Num pulo, obedeço!
Abro a janela e
Jogo longe a tristeza.
Saúdo Setembro!

Vou ao encontro do mar,
Já azul da cor do céu,
Com temperatura amena e agradável,
Aguarda-me para cumprir seu papel.

E o faz tão bem
Que ao sair de lá,
Renovada e abençoada,
Sinto-me uma menina
Outra vez!