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domingo, novembro 30, 2008

EU E O VENTO




EU E O VENTO
De: Ysolda Cabral


Alguém pode me ajudar?
Alguém pode me escutar?
Alguém pode me dizer o que há?

Há no ar algo de misterioso e sério.
Não é tempo de brincar,
Nem muito menos arriscar.

- Psiu! Silêncio!

O dia passou indolente,
A noite chegou indiferente,
Não há estrela e nem luar.
E, o vento sempre num lamento,
Querendo uma história me contar.

Não quero saber e ele insiste,
Persiste e não desiste.
Como se dissesse:
Ah, você vai me escutar!

E começa a sussurrar,
Que está cansado de ventar
Ao ermo e sem direção.
Por vezes causando estragos,
Por vezes não.

Pergunta-me de onde vem,
Para onde vai,
E se for para voltar,
Qual seria seu lugar?

Sentindo sua solidão e seu desespero,
Resolvo lhe ajudar:
Abro mais minha janela,
E o convido a entrar.

Sensibilizado e surpreso,
Não se faz de rogado e resolve aceitar.
E, em agradecimento ao meu aconchego,
Ele me traz de presente o cheiro do mar.
**********
Publicada também no Recanto das Letras

MEUS PÉS


MEUS PÉS
De: Ysolda Cabral


O dia está lindo e é domingo!
O vento é forte e frio.
Mexe com a cortina da gente
E não é levemente, infelizmente.

Um silêncio assustador paira no ar
E até o Beija-flor passou por aqui e não parou.
- Que horror!

Quantas neste momento sou?
Mulher, mãe, esposa, filha, irmã, amiga
Dona de casa, pretensa poetisa...
Sou tantas e nada sou!

A poetisa, Júlia Telles, diz:
“Meus pés são minhas raízes”
- Que coisa bonita!

Olho para os meus
Concluo que, não têm raízes.
São apenas pés
Pisando em versos tristes...

Algumas vezes me levam por caminhos
Incertos, agrestes, desconhecidos...
Sem me tirar do lugar.
É que são precavidos...

É por isso que digo:
Gosto do meu sorriso
E mais ainda dos meus pés
Pois é!
**********
MEUS PÉS
De:Júlia Telles
Meus pés são minhas raízes.
Quando vôo em pensamento
saio da minha realidade.
Então olho para os meus pés
e vejo que não tenho asas,tenho pés.
Que me levam também
por caminhos desconhecidos.
Mas os meus, poetisa Ysolda Cabral,
não são precavidos
são bem atrevidos.
Adoro os meus pés
eles se parecem comigo!

"DIA DE DOMINGO"




“DIA DE DOMINGO”
De: Ysolda Cabral


Não gosto do dia de domingo
Por mais bonito que amanheça
Fico preguiçosa e isso é muito feio

Não quero fazer nada
Só colocar os pés pra cima
Pegar um bom livro
E esquecer que é domingo

Ir à praia, nem pensar!
Morro de tristeza de ver
Um monte de banhistas
Maltratarem o Mar

Ô dia chato!
Se, resolvo assistir um filme no cinema
- de DVD já estou cheia -
Tenho que enfrentar uma fila imensa
Não tenho paciência
E resolvo mesmo é ficar em casa

Ah, acho que estou ficando insuportável
Isso também é direito adquirido
Então, vou ficar no “Recanto”, ao relento
Lendo e relendo belos textos
E com carinho os guardando comigo.

E você, vai fazer o que?
*********
Publicado no Recanto das Letras

sábado, novembro 29, 2008

DOCE ILUSÃO




DOCE ILUSÃO
De: Ysolda Cabral

A sensação é de partida
O aperto no peito
A dor na barriga
As mãos estão frias
E dedilham um teclado
Molhado de lágrimas

A música suave
Foi especialmente gravada
Para ser escutada
Nas horas mais inusitadas

O pensamento vaga
Arrastando a alegria pra longe
Como uma onda
Trazendo a tristeza de volta
Sem dó e nem piedade

A noite será longa
A saudade invade a alma
Sofrida pelo abandono do nada

Tentando continuar salva e alva
Perambula por dentro de sua casa
Trôpega, presa e desorientada

Convoca o pensamento e o coração
Para juntos se unirem em oração
Num templo destroçado
Por uma doce ilusão.

sexta-feira, novembro 28, 2008

SOU NORMAL






SOU NORMAL
De: Ysolda Cabral


Não tem jeito vou morrer boba
Tudo me encanta, sensibiliza
E também revolta
Não paro quieta nesta selva

Procuro coisas belas em tudo que vejo
Do amanhecer ao anoitecer
Muitas encontro
E me fazem arrefecer... Enternecer

O menino no semáforo
Limpa o vidro do carro
Recebe um trocado
E agradece escondido
É tão bonito

Minha hortelã que sobrevive
Mesmo eu me esquecendo dela
Sou ela

O mar tão agredido
Sofrendo, suplicando um alívio
E mesmo assim tão lindo

O sorriso de minha filha,
A cada manhã, meigo e belo,
Sou dela

As minhas mãos
Cansadas que não param
E os meus cabelos brancos coloridos
Acho o máximo

A minha cara... O meu sorriso...
Eu gosto, acho sensacional
Por vezes não, isto é natural

Será que sou normal?

**********

Na foto Yauanna ( minha filha )

quinta-feira, novembro 27, 2008

EM OUTRA DIMENSÃO


EM OUTRA DIMENSÃO
De: Ysolda Cabral




Escrever para mim sempre foi uma coisa corriqueira e natural.
Não queria saber se estava claro o meu pensamento,
Se o português estava correto e legal.
Eu queria apenas escrever tudo que minha alma ditava, sem restrição.
Então escrevia e ainda escrevo sob forte emoção.

Isso me levou hoje, novamente, ao hospital.
É que a emoção anda tão a flor da pele
Que a pressão subiu e por pouco não explodiu,
Levando-me de vez para outra dimensão.
Ou não...

Enquanto lá me encontrava a espera do desfecho,
No reservado da urgência, só comigo e Deus,
Fiz uma retrospectiva na minha vida e constatei,
O quanto até agora ela valeu.

Queria sair rápido dali e de qualquer maneira.
As lágrimas, pelos cantos dos olhos, molhavam o travesseiro
E senti-las escorregarem pelo meu rosto,
Aliviou a solidão e o cansaço.
E, toda a força da vida em mim prevaleceu.

Levantei-me e me dei alta.
Peguei o carro e vim pra casa.
Cá estou com o Tum... Tum... Apaziguado,
A pressão sob controle
E a emoção em disparada.

**********

Publicada também no Recanto das Letras

DESISTIR DO BEIJO?





DESISTIR DO BEIJO?
De: Ysolda Cabral


Vou desaparecer no ar
Como bola de sabão
Ficarei invisível
E não chamarei atenção

Daí vou até você
Só para baixinho lhe dizer
O quanto amo você

Sei que ficará assustado
Pensará que está alucinado
Eu vou morrer de rir e repetir
Amo você adoidado

Mesmo estando invisível
Minha voz estará no ar
É capaz de alguém escutar

Então não há solução
Vou ter que lhe dizer
Com um longo e profundo beijo
Não existe outro jeito

Porém se assim agir
Correrei o risco de lhe perder
Pois do susto poderá morrer
Ai, meu Deus!
O que vou fazer?


**********


Publicada também no Recanto das Letras

quarta-feira, novembro 26, 2008

RAIO DE FILHA





RAIO DE FILHA
De: Ysolda Cabral



Finalmente descobri que de todas as filhas Dele
Sou a mais trabalhosa e complicada.
Será que sou uma “obra” inacabada?

Todo santo dia me prometo:
Ysolda, hoje vai ser tudo diferente
E cometo os mesmos e imperdoáveis erros.

Com esse meu jeito
De querer tudo arrumado, bonito, certo
E todo mundo feliz da vida;
Meto os pés pelas mãos,
Correndo o risco de ser odiada de todo coração.

Sofro por tudo e por todos,
Junto com o meu próprio sofrimento,
Faço uma salada danada,
E termino afundando no nada.

Belisco-me e digo: acorda!
Tu vives dormindo!
Isso é pesadelo.
Manda embora
E vai ser feliz agora.

Agora é a hora!
E lá de cima Ele me olha
Com calma, paciência
E se pergunta:
Afinal, que raio de filha é essa?

PS. Hoje estou muito feliz.

**********



Publicada tb no RL

terça-feira, novembro 25, 2008

CATÁSTROFE EM SANTA CATARINA


CATÁSTROFE EM SANTA CATARINA



O que está acontecendo em Santa Catarina é terrível e muito triste. Nós, pernambucanos podemos bem imaginar o pesadelo de uma coisa assim, pois todos os anos sofremos algo parecido, não na mesma proporção, evidentemente, mas também muito séria. Muita gente morre, fica sem moradia e os estragos são bem grandes.

Entretanto, a mobilização de ajuda às vítimas, por parte de vários estados, nos deixa orgulhosos e com esperança de que o Brasil ainda tenha jeito. Foi emocionante assistir pela TV a referida mobilização. Paulistas, cariocas, gaúchos, paranaenses... Juntos, unidos, reunindo tudo o que podia servir de alguma forma aos desabrigados.

Foram esquecidos todos os problemas. Da violência, da fome, da pouca vergonha, humanidade e honestidade da maioria dos nossos políticos, enfim...

- Que coisa bonita é o povo brasileiro!!

E, por aqui estamos todos solidários e em oração para que tudo se normalize na vida dos nossos irmãos catarinenses.

Lu Genovez e tantos outros amigos estamos com vocês.


Ysolda Cabral



SOS NO CÉU




SOS NO CÉU
De: Ysolda Cabral


O brilho das estrelas não vem delas
Pelo menos nesta época Natalina
São lágrimas do Universo
Que não está em sintonia

Lavam as estrelas
As fazem reluzir de tão limpas
E derramam sobre a terra
Pequenos sinais de alerta

Algumas delas parecem cometas
Que fazem um “SOS” no céu
Muitos fecham os olhos
Fazendo logo um pedido
Com ou sem escarcéu

Quando menina eu pedia
Traz a felicidade um dia
E ela nunca vinha
É que eu a tinha e não sabia

Passou o tempo e eu cresci
Ficando cada dia menor
Ainda olho pro Céu
Pedindo para me tornar
Uma pessoa certinha
Equilibrada e melhor.

**********

Publicada também no Recanto das Letras.

segunda-feira, novembro 24, 2008

ADEUS





ADEUS
De: Ysolda Cabral


Amo você de maneira intensa
Amo você de maneira pura e bela
Amo você de maneira concreta
Amo você sem nem saber por quê
E parece que isso não lhe interessa

Então, está tudo resolvido
E, com muita clareza lhe digo:
Não precisa fugir
Não precisa temer
Não quero mais saber de você

Vou lhe tirar do meu coração
Da minha alma não consigo não
E nesta vida prefiro morrer
A ter que um dia lhe rever

O beijo que me deu
Roubado por mim
Vou esquecer
Afinal, você não queria não
E ainda teve coragem de dizer

Suas cartas, fotos, flores,
Trevos da sorte
Vou queimar num fogo alto
Com cuidado
Para nem cinza deles sobrar

E as últimas cartas que lhe enviei
Que você prometeu, mas não respondeu
Não as leia, as queime também
Apesar de terem sido escritas com amor
Agora não têm mais nenhum valor

Portanto, adeus
E seja feliz do jeito que for...

domingo, novembro 23, 2008

QUEBRA-CABEÇA





QUEBRA-CABEÇA
De: Ysolda Cabral


Fui juntar os meus pedaços
E foi bastante complicado.
Alguns, eu não achei
E os que encontrei,
Juntei errado.

Fiquei meio esquisita,
Aqui e ali faltando um pedaço.
Parecendo um quebra-cabeça,
Todo mal acabado.

Pensei comprar na loja,
Algo para substituir o que faltava.
Até em ferro velho procurei,
Todavia nada que servisse encontrei.

Assim fiquei num impasse
E na dúvida do que sou agora,
Se gente ou algo não identificado,
Não me interessa mais saber,
Nem quero receber comunicado.

Vou tentar assim viver,
Sem nunca mais me enganar.
Pois se sofri ou se chorei,
Ou se ainda vou sofrer e vou chorar,
Quem irá se importar?

EM PEDAÇOS




EM PEDAÇOS
DE: Ysolda Cabral



Na realidade eu só me permitia
Ser invadida pela música.
Até por que ela entrava sem pedir licença
E fazia de mim o que queria.

Com ela viajava pelos quatro cantos do mundo,
Terminava no espaço flutuando,
E,como gravidade por lá não há,
Flutuava bem devagar.

Olhando as estrelas,
Os cometas,
Os objetos não identificados,
Duvidando até de estar lá...

O nada absurdo que sou,
Ficou claro como a luz,
Levando-me de volta ao Planeta Terra,
Sem preparação ou reserva.

Quando aterrissei,
Logo senti os estragos.
Estava em mil pedaços e espalhados.
Entretanto, me prometo e me garanto:
Serão novamente juntados.
Ah! Se serão...

sábado, novembro 22, 2008

CAMISA DE FORÇA




CAMISA DE FORÇA
De: Ysolda Cabral



Já me chamaram de estrela
Já me chamaram de alegria
Já me chamaram de poesia
E era tudo ironia...

Eu sou é bobeira
Eu sou é chorona
Eu sou uma insana
Eu sou muito pretensa

Pretensa por achar que ainda tenho “cabeça”
Pretensa em pensar ser qualquer coisa
Que não seja poeira deixada pela vida
Sem sorte e sem sina
Em alguma prateleira
Triste e feia

Será que estou sendo muito severa comigo?
Creio que não, é que amadureci em carbureto
Dai fiquei assim, sem nenhum jeito

Rodopiei a manhã inteira
Cai de cansaço na esteira
Fiquei totalmente sem fôlego
E quase precisei de socorro.

No meu Orkut dizia: “a pessoa que lê o seu destino
Foi demitida, casou e morreu...
Enquanto não arrumamos um substituto
Faça algum depoimento para um amigo, bem bonito “...

Sem acreditar no que estava lendo e sem saber
Se era para escrever um depoimento bonito
Ou se era para escrever para um bonito amigo
Entendi o que o Orkut não queria me dizer:

“Uma camisa de força está a caminho pra você.”


Publicado no Recanto das Letras em 21/11/2008Código do texto: T1296231

sexta-feira, novembro 21, 2008

"MOMENTO PARA MIM"

"MOMENTO PARA MIM"
De: Ysolda Cabral


Aumenta o volume do som!!
Quero ouvir a música tão alta, mais tão alta,
Que não ouça mais nada.
Que ela me invada de tal forma,
Que não só espatife meus tímpanos,
Mas também a minha alma...

Que ela me deixe tão louca, mais tão louca,
Que eu perca totalmente a inércia e a aparente calma.
E, já que hoje estou verdadeiramente disposta,
Vou me fazer uma proposta:

Que tal sair por aí?!
Mesmo que esse por aí,
Seja só dentro de minha “casa”,
De onde ainda gosto,
Aprendo, noto, anoto e ainda posso?

Ah, hoje estou mesmo decidida!
Não quero sentir tristeza, raiva, nem pena...
Quero viver plena e serena,
Mesmo que seja por um segundo apenas...

Aumenta o som!!!
Vou rodopiar até cair
E daí?

Se me machucar,
Tenho mercúrio cromo,
Atadura, bolsa de gelo e minha cama...

Ah!
É hoje que vou me esbaldar
E sem sair de mim!
Quem vai me impedir?

*****

Obs. Nome do poema sugerido pelo nobre Falcão Dourado do Recanto das Letras.

quinta-feira, novembro 20, 2008

SOU MATUTA NATA





SOU MATUTA NATA
De: Ysolda Cabral


Estou agora só...
Triste, insegura e com medo.
Coisa danada de esquisita...
Dominada por um sentimento que abomino!

Há muito para fazer...
Não me importo e me deixo vencer.
Pergunto-me por que,
E, eu mesma respondo:
Quem vai saber!

Se eu nem sou eu, neste momento,
Então o medo está perdendo seu tempo
E eu jogando fora o meu lamento.

Ah! Como queria estar longe daqui...
Nalgum lugar a beira de um lago, ou na mata
Afinal nasci no interior e com orgulho assumo:
Sou matuta nata.

Aqui nesta cidade,
Só escuto o canto dos pássaros de madrugada.
O galo não canta avisando que a aurora é chegada.
Chove e não sinto o cheiro da terra molhada.
Afinal, o que faço nesta terra ingrata?
**********
Foto de Caruaru/PE ( minha cidade natal )

quarta-feira, novembro 19, 2008

NÃO DESISTO




NÃO DESISTO
De: Ysolda Cabral


Pisando na areia molhada,
Recolhendo conchas e estrelas do mar
Sem sonho e sem objetivo
Sigo a caminhar

Assim venço toda tristeza
Que a vida faz questão de dar
E sem pensar em nada
Sigo a caminhar

Sentindo o vento no rosto
O sol aquecendo o meu corpo
Que a água, através dos meus pés, tenta esfriar
Sigo a caminhar

O dia iluminado pára
A bela garça por sobre a minha cabeça passa
E escutando as ondas do mar
Sigo a caminhar

De repente fico alerta
Com todos os sentidos aguçados e definidos
Do peito vem a dor e vem o grito
Sem que eu possa impedir ou parar

Mesmo assim... Sigo a caminhar.

terça-feira, novembro 18, 2008

APENAS UM BEIJO


APENAS UM BEIJO
De: Ysolda Cabral

Pela primeira vez na vida
O medo de nunca mais o encontrar
Anulou o seu raciocínio e o seu bom censo
E sem pensar em nada ela lhe roubou um beijo

Sem luar...

Ele pego de surpresa, reagiu
Invadindo-a por completo
Com suavidade, amor e carinho
A fez sua novamente
Apenas com um simples beijo

Sem receio...

Levou-a de volta no tempo
De quando se conheceram
Ou se reconheceram
Quem vai saber a verdadeira trama

O enredo...

Por ela teria permanecido lá
Mas ele não deixou
Trouxe-a de volta para cá

Com zelo...

Ao retornar, aparentemente calma e controlada
Ela partiu triste, desnorteada e sem jeito
Levando no peito um enorme aperto
Pelo medo de nunca mais revê-lo

Que enlevo...

*********************

* Tema sugerido

Publicado no Recanto das Letras
Em 18/11/2008 - Código do texto: T1290201

segunda-feira, novembro 17, 2008

QUE SENTIMENTO É ESSE?



QUE SENTIMENTO É ESSE?
De: Ysolda Cabral


Alegria, tristeza, saudade,
Raiva, desejo e medo.

Ah! Que sentimento é esse...

Que tira o tino,
Que isola,
Que deprime,
Que maltrata,
Que consola,
Que conforta,
Que faz do sonho, pesadelo?

Alegria, tristeza, saudade
Raiva, desejo e medo...

Ah! Que sentimento é esse...

Que amanhece,
Que anoitece,
Que faz feliz,
Que faz infeliz,
Que abandona,
Que encontra e reencontra
Que descobre o coração da gente?

Alegria, tristeza, saudade
Raiva, desejo e medo...

Que sentimento é esse?

domingo, novembro 16, 2008

REENCONTRO



REENCONTRO
De: Ysolda Cabral



Estou vazia e tão repleta de amor...
Como pode uma coisa assim acontecer?
Estou chegando à conclusão
Que sou minha própria ilusão.

E nessa ilusão de ser
Vou a lugares que nunca fui.
Isto é muito assustador...
Será que aqui ainda estou?

Para que serve tanto amor,
Se a vida é tão cheia de desencontro,
Desencanto e causa dor?

De alma partida,
Por tanta vida perdida,
Sofro por não saber
Se reencontrarei a minha vida.

***********

PS. Tema solicitado pela amiga Loirinha

sexta-feira, novembro 14, 2008

NO CÉU DO MEU QUARTO


NO CÉU DO MEU QUARTO
De: Ysolda Cabral


Sem sono me deitei
Procurei imediatamente relaxar
Deixando o sono chegar sem pressa
E bem de mansinho

No meu tempo de criança
Quando isso acontecia
Mamãe dizia conte carneirinho
Que logo o sono vai chegar

Comecei então a os imaginar
No teto do meu quarto
O qual naquele instante
Não era pasto e sim Céu
Azul de encantar

Os carneirinhos de brancas nuvens
Tantos que seria impossível contar
Mesmo que pastora eu fosse
E estivesse também lá

Comecei a me agoniar
Pois se um caísse sobre mim
Como iria lhe cuidar?

Então resolvi pensar em outra coisa
E no Céu do meu quarto apareceu um lindo rosto
Adormeci chorando e com desgosto
Pelo beijo que não quis ou não pode me dá


************

Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2008Código do texto: T1283296

quinta-feira, novembro 13, 2008

PINGOS DE CHUVA




PINGOS DE CHUVA
De: Ysolda Cabral



Isso não se faz
Não é coisa normal
Não é uma coisa racional
Não é mesmo nada que apraz
É um sofrimento medonho
Que vem de dentro da alma
Através das lágrimas que caem
Sentidas, doloridas, machucadas
E perdidas que não servem para nada
Nem para molhar a planta que na jardineira
De tão sozinha já não mais encanta
Sobrevive por culpa de alguns pingos de chuva
Que vez ou outra por pena ou pirraça o vento trás
A solidão é tanta e mais que tanta
Que machuca e cai por falta de esperança
Sem firmeza, sem apoio e em abundância
Termina se perdendo num espaço vazio
Onde nem o eco atende ou responde
A vida não é nada santa
Maltrata, tripudia e poucas vezes acalanta
Continuo sem entender
Porque me faço tanto sofrer
Só sendo por querer.
Acho que sou burra
Não por um dia, como a minha linda amiga e poetisa Lu Genovez,
Mas por todas as vidas e não só uma vez.

*****

Publicado no Recanto das Letras em 12/11/2008Código do texto: T1278859

quarta-feira, novembro 12, 2008

BOLINHO DE FEIJÃO






BOLINHO DE FEIJÃO
De: Ysolda Cabral

Nem comecei ainda a estudar o curso de direito
Já tenho uma cliente e como rábula vou começar a advogar
Para dar entrada na justiça não faltará quem queira a ação assinar

Trata-se de uma tremenda injustiça
Com uma pobre criança indefesa
Que mora longe, mas nem por isso
Deixará de ser por mim defendida
E contra a mãe que é advogada,
Mas está totalmente enlouquecida

A causa é ganha de cara
Pois se trata de tortura grave
E ligeiro enquadro a desnaturada mãe
No meu “ ai... ai... ai..." muito bravo

Fazer a nossa "Boboquinha", que não gosta de feijão
Contudo come se for com a mão
Fazendo bolinho que também vai pro chão
Comer de garfo ou colher
É demais para uma tia-avó
A qual, desta forma, imediatamente entra em ação.

- Ô Yrama, presta atenção?! (Rsrs)

terça-feira, novembro 11, 2008

UMA ORAÇÃO DE AMOR




UMA ORAÇÃO DE AMOR
De Ysolda Cabral


A paz finalmente toma conta de mim
Ao som do chorinho de um bandolim
Cuja suavidade desesperada é quase
Uma oração de amor e de saudade

Lembro de minha mãe sentada no terraço
De nossa casa tocando o seu bandolim
E cantando as lindas músicas
Compostas para ela por meu pai

Hoje seu bandolim em minha sala
É objeto de lembrança e de decoração
Olho para ele sem coragem de tocar
- até porque não sei –
Só faço mesmo limpar

A poeira da estrada de lá fora que rapidamente passa
É a poeira do tempo que cisma de ficar
Fazendo seu acordoamento enferrujar, desafinar
Destoar do brilho que nele ainda há
E se depender de mim sempre haverá.

Só peço a Deus um pequeno favor
Não me tire à capacidade de ouvir e de sentir a música,
A poesia que há nos quatro cantos da vida
Mesmo que seja ilusória, com ou sem rebeldia, não importa
Não posso perder a minha sensibilidade
A capacidade de amar e a minha alegria...

segunda-feira, novembro 10, 2008

AMOR IMAGINÁRIO





AMOR IMAGINÁRIO
De: Ysolda Cabral



Só você tem o poder de me desarticular
De me fazer perder o raciocínio e o equilíbrio
Ao ponto de não saber onde foram parar

Só você me faz tremer nas bases
Perder a voz ou falar pelos cotovelos
Coisas sem nexo e fora de qualquer contexto
Deixando-me perdida e pelo avesso

Só você me faz vibrar com a possibilidade
De um pouquinho de felicidade

Em minha fantasia
Sentir você, ouvir você, é uma alegria tão grande
Que maltrata e me faz sofrer de verdade
E eu fico sem saber o que fazer

Só você me faz ter planos e querer realizar
Para lhe impressionar, lhe agradar
Deixá-lo orgulhoso e assim, quem sabe,
o nosso amor realidade se tornar

Só você me faz querer viver intensamente
Por toda a vida mesmo que essa vida
Seja composta de apenas um segundo
Mas que seja repleta de você.

E, como você pode ser obra da minha imaginação
Melhor nunca lhe encontrar
Posto que, não posso correr o risco
De fazer morrer meu coração
E nunca mais parar de chorar
**************

Publicado no Recanto das Letras em 10/11/2008Código do texto: T1276105

domingo, novembro 09, 2008

ROMANTISMO VIRTUAL


ROMANTISMO VIRTUAL
De: Ysolda Cabral



Não use comigo palavras de duplo sentido
Seja sempre direto e objetivo
E não perca o romantismo
Mesmo que ele seja fingido

De você só esse fingimento aceito e permito
Pode tê-lo sempre que quiser e sentir saudades
Só acharei ruim se você disser
Que não tinha conhecimento disto

Mande-me rosas, orquídeas
Violetas, Trevo de Quatro Folhas
- Desejando-me sorte –
Jasmins e Bem-Me-Queres
Podem ser virtuais, vou achar super legal
Hoje isto é bastante usado e natural

Mande-me músicas, sonetos e poesias
Que falem o quando você me ama
E que faço sua vida
Ficar muito mais interessante e bonita

Mande-me também o cântico dos pássaros
Que escuto todas as manhãs na janela do meu quarto
E assim a qualquer hora que eu quiser esse cântico escutar
Saberei facilmente onde encontrar

E para seus presentes guardar
Vai que, para o meu PC mandam um "vírus"
- há tanta gente ruim neste mundo -
Faço logo um backup
E assim tudo fica bem guardado
E devidamente resolvido.


**********


Publicada nesta data no recanto das Letras

quinta-feira, novembro 06, 2008

COISA ESTRANHA


COISA ESTRANHA
De: Ysolda Cabral


Sinto uma coisa meio estranha
Não é saudade e nem tristeza
Porém se não for cuidada
Poderá ser muito magoada.

Creio que está na minha alma
Guardada com zelo
E muita calma
Uma vez que é muito boa e tem aura

Não pode ser exposta
Já que é muito delicada
Poderia facilmente
Ser prejudicada

Não sei como explicar
Mais sinto que é algo muito precioso
E eu preciso cuidar


Se não está em mim
Está comigo
Em algum lugar
Podendo ser até do fim

Pois se não é do passado
Se não é do futuro
E se não é do presente
Com certeza é do sempre
Que você é em mim

**************

Publicado no Recanto das Letras em 06/11/2008Código do texto: T1269671

quarta-feira, novembro 05, 2008

EU NO VESTIBULAR


EU NO VESTIBULAR
De: Ysolda Cabral



Depois de longo tempo sem estudar,
No último dia 25 fui fazer vestibular,
Para desta forma finalmente o Direito cursar.


Estava tranqüila, porém um pouco assustada.
Coisa muito natural para uma “jovem garota”
Que vive a sorrir, a chorar, a cantar e a sonhar,
Pensando em nunca crescer ou mudar...


Pelas vidraças das janelas,
Os raios de sol iluminavam a bonita sala,
Trazendo-me doce recordação,
Tranqüilidade e muita paz no coração.



Os concorrentes, a maioria adolescente,
Lindos de juventude...

Estavam vestidos de sonhos e planos...
Entretanto me pareciam tensos e assustados.
Talvez... Por temerem o resultado
O qual envolvia sorte, vez que ela nos move.


Alguns oravam, acho.
Outros mascavam chicletes.
Ninguém se falava,
Disfarçadamente se olhavam
E se mediam...


Faltava pouco para a prova começar.
Resolvi parar de escrever
E começar também a rezar,
Queria muito passar.
Ontem peguei o resultado


E,

“Tcham... Tcham... Tcham...Tcham...”

FUI APROVADA!

E assim, de pretensa poetisa,
Logo, também, serei advogada.


********

Publicado no Recanto das Letras em 05/11/2008Código do texto: T1267837

terça-feira, novembro 04, 2008

SEM ARREPENDIMENTO




SEM ARREPENDIMENTO
De: Ysolda Cabral



Sabe aquela música?
- Não a escuto mais.
E àquele livro?
– Doei!

Até tentei novamente lê-lo,
Como tantas vezes fiz.
- Não consegui!

Não me arrependi.
Até por que nem o entendi direito!
Esperava que um dia você o lesse para mim
E me explicasse, com carinho e paciência,
Tudo que estava ali da filosofia e da ciência.

As nossas poesias...
As nossas mensagens...
As nossas fotografias...
- Deletei
E nem na lixeira deixei.

Seu perfume?
Derramei na primeira pia que encontrei,
Abrindo bem a torneira,
Deixei a água levar
Todo o seu cheiro de uma vez.

Até confesso que chorei...
Mas logo parei.
Lavei o rosto e me maquiei.
Depois de pronta, me olhei...


No espelho estava a sua cara,
E olhando bem dentro dos seus olhos,
Com vontade ainda de chorar,
Jurei nunca mais vou lhe amar.

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Publicada no Recanto das Letras em 03/11/2008Código do texto: T1263692

segunda-feira, novembro 03, 2008

OLHAR PENETRANTE


OLHAR PENETRANTE
De: Ysolda Cabral


Seu olhar expressivo e penetrante
Cheio de amor, saudade e esperança
Encara-me como antes

Comigo você não fala e nem poderia
Você é apenas uma fotografia
A única que jamais destruiria

A mensagem que me transmite
Vem através da minha alma
Agoniada e muito triste

Seu olhar continua a me encarar
Tento fugir dele e não consigo
E paralisada, como adolescente, fico

O tempo passa
A vida passa
A energia não acaba
E a sua imagem cada vez mais
Em mim se instala...

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Publicada no Recanto das Letras em 03/11/2008Código do texto: T1263834

domingo, novembro 02, 2008

QUE AMOR É ESSE



QUE AMOR É ESSE
De: Ysolda Cabral


Que amor é esse
Que se contenta com um simples, “oi”?
Que apenas em lembrar já se faz feliz?
Que não sai do peito pulsando alto e em descompasso?
Que fascina, alucina e enlouquece de saudade?
Que esquece as atitudes frias e inexplicáveis?

- Ah! Meu amado...

O que faço para você entender
Que você não pode viver sem mim,
Que sou o seu ponto de equilíbrio, a sua alegria
A sua real possibilidade de vida plena e de magia?

- Deixa de ser bobo!
Por que perder tanto tempo?
E, quanto aos nossos sonhos?
Podemos realizar!

Somos jovens,
somos belos
Somos um elo de amor
Puro e belo.

- O que lhe faz duvidar?

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Inspirada no amor de Andrea x Rômulo

sábado, novembro 01, 2008

ENVELHECER, EU?


ENVELHECER, EU?
De: Ysolda Cabral

Sei que envelhecer é coisa natural, porém muita gente não aceita e adota muitas vezes atitudes inexplicáveis tornando suas vidas destituídas de beleza, encanto e graça.

Tenho uma amiga, por exemplo, que quando completou cinquenta anos disse estar acabada. Entrou numa depressão tão profunda que quase pirou de vez – doida ela já era há muito tempo - e passou a viver com se fosse uma velhinha qualquer. Sentia frio o tempo inteiro, reclamava de tudo, se fazia de surda, de cega, de fraca. Dizia ter todas as doenças do mundo, que não conseguia dormir direito, que havia passado a roncar e que o marido, com toda certeza, iria deixá-la... Uma tragédia!

Tentei ajudar de todas as maneiras, e, nada! Todos os conselhos que eu dava, terminávamos brigando e comecei a pensar que, realmente, ela estava acabada. E, para não afundar junto com ela - temos praticamente a mesma idade - resolvi deixá-la curtir sua “velhice” em paz fazendo bom proveito.

No dia dos meus cinqüenta anos, o primeiro telefonema que recebi foi o dela me desejando muita saúde, lucidez e boa sorte na “terceira” idade, e, que eu não descuidasse de ir sempre ao médico. – Eu posso com uma recomendação dessas?!

Ao desligar o telefone me vi dando língua para o aparelho. Entretanto, minha vontade era dar outra coisa, mas não ficaria bem para uma pessoa como eu fazer tal gesto. Além do mais, ela não iria ver e nem saber; de quê adiantaria? - Mas que tive vontade, lá isso eu tive! Ainda cheguei a levantar a mão. Parei a tempo!

Meu marido acabara de desocupar o banheiro, e, lá fui eu para o meu primeiro banho da terceira idade. Tirei a camisola, me olhei no espelho com bastante atenção. E, apesar de me achar meio esquisita, nua e de óculos na frente do espelho, não notei nada de diferente em mim. Pelo contrário, me achei legal. Um pouquinho gordinha, mas e daí?

Olhei para o meu rosto e sorri para mim – sempre gostei do meu sorriso – e ele estava exatamente igual de quando eu tinha 20, 30 e 40 anos. Então pensei: pronto agora endoidei também e de vez! Fixei o olhar em mim, “penetrantemente” e, conclui que, mesmo que estivesse fazendo oitenta, seria exatamente a mesma, uma vez que, sempre me vi como a Ysolda que "mora" dentro de mim.

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Publicado no Recanto das Letras em 31/10/2008Código do texto: T1258674