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sábado, fevereiro 28, 2009

DESABAFO



DESABAFO
De: Ysolda Cabral


A música é triste, a madrugada chegou e a chuva continuou.
Novamente estou aqui pensando e pensando...
Nas decisões que a vida toma e muitas vezes se engana,
E tenta se safar colocando na gente sua responsabilidade insana.

Ah, vida louca como às vezes tenho raiva de você!
Neste momento sinto vontade de lhe matar para de fato viver.
A dor que sinto é tanta que transborda como lança,
Bate e volta dilacerando o meu peito já tão arrebentado por você.

Nunca quis ser diferente do que sou, mas queria ser amada como sou.
Sou transparente, posso até ser um erro da natureza...

– Mas só às vezes.

Sou tão torta que desentorto e fico dando voltas no destino,
Pensando que um dia o sofrimento terá fim,
E quem sabe não descobrirei o caminho assim?

Nunca fui medrosa, nem louca, mas já tirei a roupa no meio da rua...
Fiquei nua, exposta, frágil e tudo por causa de uma nojenta barata.
Corri de estrada a fora e já recomposta sorri,

Dei a volta por cima, me vesti...
Garantindo não ter sofrido.

– Menti, pois sofri!

E, neste momento, de música lenta, que a vida tenta tripudiar de mim,
Não aceito, pois quero mais dela para ser feliz inteira e completa.

- Eu mereço!

Se para isso for preciso dormir, dormirei esperando acordar outra vez...

- Lá ou cá, sem revés...

Ah! Que madrugada chata!!
Vou sair por aí, rodar a 130km por hora, isso importa?
Estourar meus tímpanos com um rock da pesada
E esperar a alvorada chegar e sorrir.

Não vou ouvir mais esse “chorinho” dos Beatles,
Especialmente gravado para mim,
Motivo da saudade que dilacera meu peito
E me mata sem estar no fim...
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Publicada no Recanto das Letras

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

SEXTO SENTIDO


SEXTO SENTIDO
De: Ysolda Cabral



A noite era de trovões, relâmpagos e chuva forte. Parecia inverno e não verão; Junho e não Fevereiro; São João e não Carnaval. Eu estava ali e não parecia que era eu. Tudo estava fora de tempo e de lugar. Comecei a considerar o inusitado da situação e me perguntei se tudo àquilo não seria obra da minha imaginação.

Um frio percorreu meu corpo e invadiu a minha alma, a qual a essas alturas estava meio fora de mim. Eu me olhava e me via frente a frente e era como se uma terceira existisse só para atrapalhar e confundir. Com esforço tentei me aproximar e me juntar de alguma forma. À medida que eu ia também me afastava e a terceira se desesperava.

Estava presa e dividida em três. Ocorreu-me gritar, mas quem iria escutar? De repente um suave perfume me envolveu e eu acordei. Estava tendo um pesadelo.

Lembrei de mamãe e senti uma saudade enorme. Ela era uma mãe tão dedicada que sentia quando essas coisas estavam acontecendo com um de nós, seus filhos, e, mais que depressa, ela nos tirava da situação. E, se não estivéssemos em casa, ela telefonava na mesma hora independente de onde estivéssemos. Nunca parei para me perguntar como ela conseguia fazer isso.

Refeita do susto, resolvi telefonar para uma amiga, uma vez que estávamos em pleno Carnaval,achando que ela estava acordada assistindo ao desfile das escolas de samba pela TV, e, tal não foi minha surpresa quando a ouvi suspirar aliviada e me falar: Ysoldinha, acabas de me tirar de um pesadelo.

- Brincadeira, né?! (Rsrs)


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Publicada tb no Recanto das Letras

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

A BEIJA FLOR E MACARRONADA


A BEIJA FLOR E MACARRONADA


Estava dormindo e de repente o celular me acorda. Olho o relógio 02h43min. Era minha filha avisando que já estava voltando para casa do Carnaval do Recife Antigo. Resolvi me levantar, até porque não conseguiria mais conciliar o sono. Fiquei, inclusive, surpresa de ter conseguido, pois normalmente quando ela sai não consigo dormir enquanto não volta pra casa. Entretanto, como comecei o feriadão com fortes dores na coluna e tendo que apelar para alguns analgésicos, deduzi que foram eles que me derrubaram literalmente.

Sem paciência para o “PC”, nem para ler e nem para assistir filmes liguei a TV - coisa rara de acontecer - e qual não foi minha surpresa, dei de cara com minha escola do coração a "Beija Flor" - entrando na avenida.

Quando ouvi a voz do Neguinho - o qual acabara de casar na Sapucaí - meu coração disparou e na tela ele apareceu lindo, forte e maravilhoso de branco cantando a plenos pulmões todo o seu amor pela escola e pela VIDA.

– Que coisa mais linda de se vê!!

De repente, no canto da tela um informe muito especial – o seu batimento cardíaco estava em 169 p/min. Nossa Senhora, que emoção!! - O meu deveria estar também nessa ordem.

- Que coisa mais louca!!

Havia ido me deitar meio triste, chateada e conjecturando como a gente muitas vezes engole elefante e se engasga com uma formiguinha... Pois é! Mas, quando me deparei com “minha escola” esqueci tudo. Sou assim! Não consigo ficar chateada por muito tempo. E, esquecida completamente do que havia me chateado e até da dor na coluna, me deixei levar e encantar pela beleza da escola.

Seu samba enredo contava a história do banho, desde antes de Cristo até os dias atuais e tudo estava lindíssimo e impecável. Com quase cinco mil componentes – entre eles a primeira dama Dona Marisa - contagiando todos com seu sorriso simpático. - Gosto dela e gosto muito, desde poucos dias atrás quando acertou o presidente Lula de jeito. - Ô mulher “porreta”! Ele, do camarote, acompanhava tudo de perto e sob o olhar atento dela. - E, ele era besta de assim não proceder? (Rsrs)

Finalmente, minha filha chega e olha para mim com aquele olhar que só filha tem e diz que está com fome de macarronada, pode?

- Ah! Nem morta eu iria pra cozinha. E, não é que ela foi?

Resultado perdi o sono e depois de ver minha escola desfilar e de uma suculenta macarronada – a primeira feita por minha filha – resolvi vir para cá e esperar o dia amanhecer.

Na minha janela, um beija-flor me dá bom dia.

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Publicada tb no Recanto das Letras.

domingo, fevereiro 22, 2009

ENGRAÇADA PIADA



ENGRAÇADA PIADA
De: Ysolda Cabral


Se eu morresse amanhã,
Até seria bem apropriado.
Partiria para uma viagem,
Ainda em relativa forma e sã.

É que me preocupo em “lá” chegar
E não ter condições mentais e físicas,
De explorar a desconhecida
E misteriosa etapa.

Não sei por que cargas d’água,
Tantos jovens já partiram
E tantos, mais ou menos,
Ainda não...

Que mistério é esse,
O qual não se consegue explicar,
Só temer e o desfecho esperar?

Sair velho desta e doente
Vai fazer o quê por lá?
Morrer, já não vai mais poder!!

Só voltando...

E sem as sábias experiências adquiridas
Qual o sentido de voltar?

A vida é mesmo engraçada!
Melhor a imaginar uma linda
E engraçada piada
Para não sofrer e surtar.

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Publicada tb no Recanto das Letras

sábado, fevereiro 21, 2009

MATÉRIA DO INTERESSE DOS ALUNOS DA FAPE/DIREITO 2009



MATÉRIA DO INTERESSE DOS ALUNOS DA
FAPE/DIREITO 2009
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Na aula de Psicologia Jurídica para me safar de um trabalho sobre a evolução da psicologia, conceito e efeito escrevi:
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O conceito da psicologia
Tem compreensão e efeito
Quando conhecimento há
Como por enquanto nada sei
Da evolução que veio desde
A antiga Grécia
Fico num deserto de magia
Acreditando que um dia
De psicologia, sociologia
E até de filosofia entenderei
Pois até vou reler, pela terceira vez,
"O mundo de Sofia"
E, com certeza aprenderei.
.

Então meu amigo filósofo, Cyla Dalma, para me ajudar enviou o texto, abaixo, que divido com vocês:
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CARNAVAL DO RECIFE NA FILOSOFIA
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Se Heráclito de Éfeso ao em vez de explicar tudo através do conhecimento Científico, tivesse conhecido ..........“Felinto

Se para Pitágoras de Samos, a essência de todas as coisas reside nos números, os quais representam a ordem e a harmonia, deveria ter sentido o ritmo e cadências de ..........“Pedro
Salgado”

Se Demócrito de Abdera por ter defendido que a formação de todas as coisas é a partir da existência do átomo também tivesse imaginado a existência de.......... “Guilherme

Se os sofistas que defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade, tivessem convivido com..........“
Fenelon”

Se Sócrates mesmo com o seu famoso lema “conhece-te a ti mesmo” também tivesse perguntado aos recifenses: ..............“Cadê teus blocos famosos

Se Platão ao defender que as idéias são foco do conhecimento intelectual e teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências, tivesse desfilado no.......... “Bloco das Flores

Se o sábio Aristóteles que desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico, e concluiu ainda que a sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos; houvesse participado do bloco..........“Andaluzas

Se René Descartes na sua Metafísica do “Discurso sobre o Método” deduziu: "Penso, cogito, logo existo, ergo sum", tivesse existido no bloco..........“Pirilampos

Se John Locke ao elaborar uma “gnosiologia”, para achar um critério de verdade, não imaginou que chegaria mais rápido rodopiando no ..........“Apôs-Fum

Se o sábio inglês Francis Bacon ao criar um método experimental, conhecido como empirismo, tivesse primeiro praticado nos blocos ..........“Dos carnavais saudosos
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Se Thomas Hobbes de Malmesbury na corrente “Contratualismo”, que toma como base o indivíduo, onde ele afirma que "os homens nascem livres e iguais" tivesse conhecido a liberdade de ..........“Felinto

Se David Hume de Edimburgo que no seu Tratado da Natureza Humana parte do princípio empírico de que todas as nossas "idéias" são cópias das nossas "impressões” de reflexão (emoções e paixões), ficaria fascinado com a prática de ..........“Pedro Salgado

Se Montesquieu com o seu pensamento de uma política essencialmente racionalista exposta no Espírito das Leis onde ela se caracteriza pela busca de um justo equilíbrio entre a autoridade do poder e a liberdade do cidadão tivesse conhecido a liberdade de.......... “Guilherme

Se Voltaire, inimigo encarniçado do cristianismo; um deísta convicto, ao fazer a reflexão: "Este mundo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha relojoeiro" conclui que a organização do mundo e sua finalidade interna, só se explicam pela existência de um Criador inteligente, poderia ter pedido a opinião do carnavalesco..........“Fenelon

Se o Iluminismo do Francês - Jean-Jacques Rosseau, antes de dizer a frase "O homem nasce livre, porém em todos lados está acorrentado", deveria ter perguntado aos foliões pernambucanos:..........“Cadê teus blocos famosos

Se Maquiavel acreditava na capacidade humana de determinar seu próprio destino e que para ele, os fins justificavam os meios: um governante deveria fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos, naturalmente só pensava assim porque nunca dançou sem objetivos no.......... “Bloco das Flores

Se Galileu ao publicar os Diálogos sobre os dois maiores sistemas do mundo “Ptolomeu e Copérnico” não teria sido condenado pela igreja se tivesse ido dançar no bloco..........“Andaluzas

Se Leibniz ao colocar que as condições para a liberdade são três: a inteligência, a espontaneidade e a contingência; e que a liberdade da alma consiste em nela encerrar um fim em si mesma, não dependendo de fatores externos, talvez devesse ter bailado no bloco.......... “Pirilampos

Se Cartesianismo Baruch Spinoza achava que as paixões humanas, a ambição e o prazer, por exemplo, nos impedem de chegar à felicidade e à harmonia verdadeiras, com certeza foi porque não se balançou no bloco..........“Apôs-Fum

Se Immanuel Kant achava que os sentidos quanto a razão eram muito importantes para as nossas experiências no mundo, então teria sido muito feliz ao fazer coreografias nos blocos..........“Dos carnavais saudosos

Se Hengel ao dizer “só o que é racional é viável” é porque não viveu a irresponsabilidade de dançar sem racionalidade..........“Na alta madrugada

Se o Idealismo Lógico de Nietzsche achava que as verdadeiras “virtudes” do homem são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder; é provável que ele tenha sonhado a cantar uma marchinha de carnaval sempre repetindo..........“O coro entoava

Se para Kierkegaard a verdade é subjetiva, ou seja, só são importantes as verdades pessoais, com certeza ele pensou em cantar o
coro nas ruas do Recife..........“
Do bloco a marcha-regresso”

Se Berkeley tinha a opinião de que não podemos saber do mundo mais do que percebemos pelos nossos sentidos, então devemos experimentar a vida para saber e depois cantar..........“E era o sucesso dos tempos ideais

Se para o materialista Karl Marx a resposta à pergunta sobre o que é moralmente correto é um produto da base social então para ele o carnaval deveria ser moralmente correto e verdadeiro os sonhos..........“Do velho Raul Moraes

Se o positivismo de Auguste Comte acha que o ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas, logo não devemos achar .......... “Que já cantamos bastante

Se Darwin criou a Teoria da Evolução, devemos aproveitar essa verdade e melhorar nosso desenvolvimento divertindo-nos no carnaval vagando pelas ruas a cantar e contar ao mundo:..........“E o Recife adormecia

Se Freud fez a “arqueologia da alma” e se transformou no pai da psicanálise, naturalmente é porque todo o tempo ele..........“Ficava a sonhar

Se Jean-Paul Sartre criou o existencialismo então vamos viver nem que seja.......... “
Ao som da triste melodia”


Se os filósofos - aqueles que “amam a sabedoria” - tivessem vivido os carnavais do Recife, a filosofia (Φιλοσοφία) seria mais clara e assim nós a entenderíamos melhor.


PERNAMBUCANOS APROVEITEM O CARNAVAL
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Maracatu Leão da Campina, Maracatu Sol Nascente,
Maracatu Cambinda Estrela
Maracatu Leão Coroado, Maracatu de Baque Virado,
Maracatu de Baque Virado Linda Flor
HOMENAGEM A "SEU JOÃO DO CABOCLINHO"
Bloco Batutas de São José
CAPIBA - Madeira que o Cupim não Rói
Boi Tá Tá Tá
Clube de Frevo Lenhadores
Bloco Lira da Noite
e tantos outros ...
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Evocação n° 1
Nelson Ferreira
.
Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apôs-Fum
Dos carnavais saudosos
Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apôs-Fum
Dos carnavais saudosos
Na alta madrugada
O coro entoava
do bloco a marcha-regresso
E era o sucesso dos tempos ideais
Do velho Raul Moraes
Adeus adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E o Recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia
.
**********
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Obrigada, caríssimo amigo, pela belíssima contribuição não só para nós, estudantes de direito, mais para todo o povo pernambucano.
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* Publicado também no Recanto das Letras

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

CARNAVAL OUTRA VEZ



CARNAVAL OUTRA VEZ
De: Ysolda Cabral



Hoje, sexta-feira, o dia amanheceu nublado,
Na véspera de sair o “Galo”,
O maior bloco de carnaval do mundo.
E, todos se preparam para abertura dessa festa
Onde a alegria é plena e vai mesmo fundo.

Em minha alma há inquietação,
E sentimentos contraditórios,
Os quais ditam o compasso no meu coração
E eu não sei qual a razão.

No jornal confiro o sorriso lindo
Do carnavalesco Neguinho da Beija-Flor,
E tenho certeza que a vida
É seu grande e insubstituível amor.

Pela fresta da janela olho o tempo que passa,
A chuva ameaça cair a qualquer instante.
Há uma calma aparente que incomoda,
E, em mim, persiste a vontade de ser viajante...

Viajante do tempo, do vento...
Partindo do futuro e do passado,
Chegando no intermediário intervalo,
Do espaço desconhecido que há em mim...

Em busca de poesia e encantamento,
Que extermine dor, desamor e sofrimento...
Sem ser lento.

Inicia-se o carnaval outra vez,
E eu aqui na mesma antiga insensatez,
Deixando a vida passar por mim,
Inerte, mas não indiferente,
Cogito uma reviravolta, sim!

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Um carnaval tranquilo e feliz para você.

domingo, fevereiro 15, 2009

UM LINDO PRESENTE VIRTUAL

Yauanna, de branco, motivo de minha insônia



UM LINDO PRESENTE VIRTUAL
DE: Ysolda Cabral



Até hoje eu duvidava que alguém me fizesse dar uma boa gargalhada quando estou chateada num dia de domingo.

Normalmente meus finais de semana são de plantões recheados de poesia, música, livros, filmes e preocupação uma vez que, tenho uma filha de 18 anos, a qual adora sair com os amigos. Ora, já tive a idade dela e sei quanto é boa e importante esta fase na vida de qualquer pessoa. Entretanto, quando isso ocorre, minha cabeça imediatamente processa se estou bem abastecida para o plantão que me aguarda. Inclusive, se em casa ainda tem bolo de chocolate e coca zero, claro. (Rsrs)

Quando a programação é da sexta para o sábado, até que não é tão ruim. Mas, quando é do sábado para o domingo, é um verdadeiro suplício. – Como entendo hoje a minha mãe! – E, na minha época a violência nem era tanta assim!

O deste final de semana foi ontem... Pois bem, tentei escrever alguma coisa, responder alguns e-mails, mensagens no Orkut para passar o tempo. E, sem conseguir, resolvi apelar para o DVD e fui assistir a dois filmes - Desafiando Gigantes e Valente, o qual questiona a diferença entre a justiça e a vingança, com a impecável Jodie Foster – pesar de filmes excelentes não foi apaziguada a minha agonia... A hora não passava!

- Quanto ao pai? Dormindo o sono dos justos, é mole?!!

Bom, finalmente ela chegou e fui dormir chateada de já ser domingo.

Logicamente amanheci moída e sem nenhuma vontade de ir à praia caminhar. Resolvi então entrar no Orkut para ler as mensagens que os meus espetaculares, competentes, sensíveis e bondosos amigos haviam me enviado.

De repente me vejo na tela do monitor de RAINHA!!! Jovem, magra, bonita de “lascar” então pensei: endoidei? – Pronto agora se danou tudo, que vou fazer?

- Ah, quantas vezes sonhei em ser rainha, fada, mágica, poderosa para mudar tudo que eu achava errado neste mundo de meu Deus?!!! Acabei com guerras, fome, droga, ignorância, preconceito, desamor... As injustiças foram banidas da face da terra, as tristezas, a dor... Até do calendário tirei o dia de domingo!!

E agora estava ali a minha fotografia de quando isso aconteceu para provar que não sonhei e se sonhei, realizei. Então não devia ter acordado!!

Fechei os olhos, abri, esfreguei e a gargalhada enxugou a lágrima. Era apenas um lindo presente de minha maravilhosa e muito amada amiga virtual Guida.

Te amo, amiga querida.

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Publicada tb no Recanto das Letras

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

SEM SENSO DE HUMOR



SEM SENSO DE HUMOR
De: Ysolda Cabral


Certa ocasião fui convidada para trabalhar numa das empresas de um grupo de grande porte. O salário era excelente e as condições idem. Aceitei de cara. Até porque estava trabalhando muito distante de onde eu morava e essa empresa ficava bem próxima à minha casa. Só por este motivo já era o suficiente para não pensar duas vezes.

Pedi demissão do emprego que estava e assumi imediatamente o novo. Entretanto, quando lá cheguei, soube que não era para trabalhar com o diretor que me convidara e sim com outro. Tudo bem...

Eu estava noiva, me preparando para casar e procurando fumar menos, uma vez que meu noivo nunca fumara. E, na hora que entrei na sala do respectivo ele sentiu o cheiro do cigarro em mim e foi logo me dizendo que havia deixado de fumar com grande sacrifício, e, que eu procurasse não fumar durante o expediente – nessa época não existia a lei que proibia fumar em ambiente fechado - mesmo assim eu procurava evitar. Então, lhe perguntei há quanto tempo havia deixado o cigarro. Ele, titubeando e muito desconsertado respondeu que há dez anos. Contendo o riso e a pena nada falei. Pense num homem fraco, antipático, inseguro, prepotente. Mas, vamos ao que interessa...

Começamos a trabalhar e o nosso relacionamento era bem complicado, pois ele quando olhava para mim só pensava no cigarro – eu acho - e foi criando uma resistência a tudo que eu fazia, ou dizia e o trabalho não andava. Era “um passinho pra frente, um passinho para trás”... Um verdadeiro transtorno!

Para piorar a minha situação ou a dele - até hoje não sei - a empresa, vez ou outra, distribuía com os funcionários um quite com compotas de doces e sucos que eram fabricados numa cidade do interior de Pernambuco, onde se localizava uma das fábricas do grupo.

Numa dessas ocasiões ele me perguntou muito abusado por que eu nunca havia levado um quite para mim. Rindo e brincando - sou muito bem humorada e não é qualquer um que me tira do sério - de pronto lhe respondi que era por que eu só tomava coca-cola. Quanto às compotas, não levava por que eram ruins demais, e, acrescentei que não sabia como eles conseguiam vendê-las por todo o país.

Ele parou, engoliu seco e foi quando lembrei que ele não tinha senso de humor algum. Todo mundo parou e ficou esperando o desfecho. Ele, branco de raiva, perguntou se havia escutado direito.

A essas alturas não dava para contornar a situação. Repeti, acrescentando que compotas eram as que meu pai fazia, e, que ali ninguém sabia o que era uma compota.

Ele ficou com tanta raiva que não conseguiu articular nenhuma palavra e se retirou imediatamente da sala. A partir daí o relacionamento da gente ficou ainda mais difícil.

Então pedi a papai que fizesse três compotas. Uma de banana, outra de caju e outra de abacaxi. Nos vidros colei uma etiqueta. Nela escrevi: “Compota Alírio Cabral” - coloquei no “frigobar” de sua sala. Esperava provar o que dissera e arrefecê-lo um pouco.

Ele chegou neste dia com o diretor-presidente e sócio majoritário do grupo. Ao abrir o “frigobar”, o presidente viu as compotas. Ele, mais que depressa, narrou o acontecido certo que iria finalmente se livrar de mim.

Para sua surpresa o diretor-presidente me chamou e muito gentilmente pediu que eu fizesse a gentileza de servi-los. Depois de comerem das três me perguntou, rindo muito, se meu pai não queria ir até a sua fábrica ensinar o pessoal fazer compotas.

Eu morrendo de rir lhe respondi não, e, esclareci que, o ponto e a coloração das compotas, era segredo de família.

Tempos depois, para sossego do diretor ex-fumante, pedi demissão.

Ôooo cabra chato meu Deus!!!!

(Rsrs)

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Publicada também no Recanto das Letras.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

CORAÇÃO DE POETA


CORAÇÃO DE POETA
De: Ysolda Cabral


Recebi uma mensagem de um poeta e amigo virtual, o qual lendo um dos meus últimos poemas publicados no Recanto das Letras e também no blogger Apenas Ysolda - “Amanhecer ao Léu” - observou a controvérsia que há no coração dos poetas.

Fiquei a refletir sobre seu comentário. Entendo e concordo com ele, mesmo não me considerando uma poetisa na mais vasta expressão da palavra, sei que tenho uma sensibilidade que dita meu comportamento de maneira surpreendente e isto, mesmo sem querer, fica evidente em cada verso que componho. Fato gerador de polêmica, debate, interpretação variada e até mesmo preocupação. (Rsrs)

Quando engravidei, a primeira coisa que me ocorreu foi pedir a Deus que minha filha não viesse com a minha sensibilidade para que não sofresse tanto pela vida a fora.
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Desde que me entendo por gente queria dar um jeito para que todos fossem felizes, mesmo que isso significasse abrir mão de minha própria felicidade. Involuntariamente e sem nenhuma pretensão sempre tomava as dores dos menos favorecidos. Sofria duplamente quando não conseguia ajudar e isso ficava bem evidente já nos meus primeiros poemas e crônicas que escrevia para os jornais de minha cidade.

Sempre a rir, a cantar, a chorar e a escrever, levava e ainda levo a minha vida em função dos outros sem conseguir mudar. E o que mais me entristece é perceber que, a maioria das pessoas não está nem aí para nada. O egoísmo, o interesse, a ambição, a vaidade, a falta de bondade, de sinceridade, de amor pelo próximo e a falta de fé em Deus, cada vez mais predomina, assusta e apavora... A alma do poeta sofre e seu coração fica doente.

Se todos ao meu redor estão felizes; fico feliz, leve e solta, se não; morro de tristeza. Quando me pedem para escrever sobre determinado tema, normalmente pergunto a razão – se por antecipação eu já não souber – se for algo dolorido, escrevo sentindo a dor em mim.

Ely Cabral, minha prima do coração, da última vez que esteve comigo me pediu antes de ir embora para que, quando eu escrevesse algo triste, por solicitação de alguém, fizesse a observação no final do texto para que ela não ficasse tão preocupada comigo. Mas, como fazer uma coisa dessas se quando escrevo o sofrimento já é meu?

Entretanto, nem tudo comigo é de todo sem jeito uma vez que, não deixo a tristeza esquentar assento em minha “casa” por muito tempo.E assim vou levando a minha vida aos trancos, barrancos, confundindo e sendo confundida.

É exatamente por isso que acho minha vida incrivelmente rica e muito generosa quando me inspira a compor tantas poesias que enternecem bondosos corações.

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Publicada também no Recanto das Letras

terça-feira, fevereiro 10, 2009

AMANHECER AO LÉU


AMANHECER AO LÉU
De: Ysolda Cabral


Minha alma impregnada de você,
Anda cansada, desencantada,
E, não quer mais se despir,
Dos versos tolos nas madrugadas...

Deteve-se ontem na lua,
Redonda, cheia, bela e baixa,
E por dedução, julgou
Impossível vê-la de sua casa...

Entendeu, como uma mãe dedicada,
Que precisava do céu descer,
Para companhia me fazer,
Já que comigo você não estava...

Ficamos juntas,
Aguardando a alvorada.
Quando ela chegou,
Toda iluminada, perfumada e alva,
Minha alma chorou e sem tirar o véu,
Deixou o amanhecer ao léu,
Pois nele não viu beleza e nenhuma graça.

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Publicada no RL

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

TABULEIRO DA ALMA


TABULEIRO DA ALMA
De: Ysolda Cabral


Muda o humor,
Por culpa da dor.
Muda o aspecto,
Por culpa do tempo.
Só a essência não muda,
Por ser única.

Resultado:
Conflito instalado,
Amor perdido.
Esperança, e,
Sonho desfeito,
Não há quem dê jeito.

Apego as lembranças,
Saudade no peito
De um infinito desejo,
Jogado no tabuleiro da alma.

Com peças quebradas,
Partidas dos dois lados,
O repasse é ligeiro;
Jogo acabado.


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Publicada também no Recanto das Letras


sábado, fevereiro 07, 2009

CULPA DE SÃO BENEDITO


CULPA DE SÃO BENEDITO

De: Ysolda Cabral



A propósito de um convite para compor um dueto que recebi de um escritor do Recanto das Letras, Edson dos Santos, um comentário feito por outro escritor me fez refletir sobre os relacionamentos que terminam de maneira conflituosa.

O tema do dueto, o qual versava sobre um casal nitidamente apaixonado um pelo outro e que se separa com certa tranqüilidade, chamou a atenção do escritor que observou ser uma pena que na vida real isso não acontecesse efetivamente. Pelo menos na maioria dos casos.
Neste ponto me lembrei do folclórico "Jambre" filho da linda Rio Formoso, cidade localizada a aproximadamente 140 km do Recife, aonde costumávamos ir jantar no “Restaurante do Baiano”, ouvir "Jambre" cantar, beber e chorar a perda da mulher amada, a qual tinha fugido com um artista de circo.
O que mais chamava nossa atenção era o fato dele se referir a mulher com carinho e sem nenhuma revolta. Colocava toda culpa em São Benedito, padroeiro da cidade de Ipojuca, seu padrinho.

Um dia lhe perguntamos qual era afinal a culpa do Santo. Ele ficou bravo, mas respondeu:

- Aquele negro filho da mãe, não podia ter feito isso comigo não!

À medida que falava dava banana, chovia saliva, limpava a boca na manga da camisa, tomava um golinho de cachaça e continuava...

– Como é que um padrinho deixa uma coisa dessas acontecer ao afilhado?! Saí daqui com a minha Maria no dia da festa dele no primeiro caminhão de cana que passou na estrada, todo contente para lhe render homenagem e o que é que ele fez? O que ele fez?!!!

E ele mesmo respondia...

- Deixou um circo ser armado na praça, bem no meinho da festa!!!! Aí, Maria doidinha por circo, não sossegou. E, ao invés de ficar comigo na festa, inventou de ir para o circo. Eu posso com uma coisa dessas?!

- Culpa dele!!
Ô santo cabra safado!!!
Nunca mais vou ao Recife, só para não passar na porta daquele filho da égua!!

- Ô Baiano, bota mais uma aqui!

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Tadinho de São Benedito, tão lindo, tão generoso e ainda levando dessas! É mole!!!

(Rsrs)
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Publicada também no Recanto das Letras

terça-feira, fevereiro 03, 2009

CASTELOS DE AREIA

CASTELOS DE AREIA
De: Ysolda Cabral


Com sua princesa a beira-mar,
Sob um céu azul de lindos raios de sol,
Construindo os primeiros castelos de areia,
Lá está Priscila com sua pequena sereia,

Isabela...

Sentadas de costas para a costa,
Que nesse momento pouco importa,
Vejo toda a beleza da vida que vem delas
E não é nada modesta.

Encanto-me com o quadro perfeito,
E, me emociono ao lembrar do dia,
Que estive numa “tela” dessas.
Assim, exatamente como elas,

Priscila e Isabela...

Construí lindos e sólidos castelos,
Os quais o mar não conseguiu levar,
E, jamais conseguirá,
Nem se passando mil séculos,

Asseguro à Priscila e Isabela.
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Publicada também no Recanto das Letras